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GOVERNO MINADO
Luiz Eduardo Soares diz que, se voltar a ocupar um cargo público, empregaria novamente a mulher e a ex
Contrataria as duas de novo, diz ex- secretário
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Dois dias após deixar o comando da Senasp (Secretaria Nacional
de Segurança Pública), o sociólogo Luiz Eduardo Soares disse ontem que vai contratar novamente
a sua mulher e a sua ex-mulher se
um dia for chamado para assumir
um outro cargo público.
"Se um dia eu voltar para a vida
pública, a minha mulher e a minha ex-mulher vão trabalhar comigo. Para mim, não se trata de
mulher ou ex-mulher, mas de
duas pessoas competentes."
Luiz Eduardo pediu demissão
depois que um dossiê começou a
circular em Brasília com supostas
irregularidades cometidas nas
contratações de Miriam Guindani, sua atual mulher, e de Bárbara
Soares, sua ex-mulher.
"Saí do governo para evitar que
os debates sobre uma questão tópica pudessem vulnerabilizar o
governo do presidente Lula."
O ex-secretário participou de
palestra ontem no Centro de Convenções da Bahia, durante o segundo dia do 18º Congresso Brasileiro de Magistrados. Em discurso, disse que se sentiu injustiçado pelas críticas e acrescentou
que alguns políticos analisaram as
contratações de "forma rápida e
superficial". "Pelo que fizeram, é
como se tudo acabasse em um caso de nepotismo", ressaltou.
Ele disse que não houve nenhuma intenção de esconder as duas
contratações. "Para mim, seria
muito fácil utilizar nomes de terceiros ou mesmo "laranjas", como
muita gente faz. No entanto, fui
honesto, tudo foi feito às claras."
Para ele, Bárbara Soares e Miriam Guindani são pessoas que o
ajudaram a implementar o programa nacional de segurança. "O
que me interessa é que ambas são
profissionais competentes, que
integram a minha rede e que sabem trabalhar em equipe."
Luiz Eduardo não quis fazer
comparação entre as contratações
das duas mulheres e os gastos da
ministra Benedita da Silva (Assistência Social) em viagem à Argentina para participar de um evento
religioso com passagens pagas pelos cofres públicos.
"Não quero fazer nenhum comentário sobre o caso. Agora, só
sei dizer que o Brasil pode se debruçar sobre as contratações que
eu fiz", disse. De acordo com o ex-secretário, os recursos utilizados
para pagar os serviços prestados
por Bárbara Soares e Miriam
Guindani não eram do governo.
"Os recursos eram da ONU [Organização das Nações Unidas]."
Depois de fazer sua palestra,
disse também que o governo analisou o caso "de forma simplificada" e acrescentou que ainda não é
o momento de o ministro Márcio
Thomaz Bastos (Justiça) comentar o seu pedido de demissão.
"Quando o ministro falar, tenho
certeza de que ele vai repetir as
palavras que me disse. Ele me disse que me entende perfeitamente
e respeita a minha decisão."
Luiz Eduardo disse também que
pessoas de dentro da Senasp tramaram a sua saída. "Eu não sou
ingênuo, ninguém é ingênuo. Eu
sei que pessoas contratadas por
mim tramaram a minha saída.
São pessoas que estão orientadas
para destroçar a nossa política."
Ele também responsabilizou a
mídia pela sua demissão. "O governo, cada vez mais, está se pautando pela mídia. O que precipitou a minha saída foi o tratamento hostil que a mídia estava dando
ao governo em relação ao caso."
Afirmou que se sentia "confortável" no governo e elogiou a sua
mulher, que devolveu cerca de R$
4.000 que tinha recebido pela contratação. "A minha mulher rompeu o contrato e restituiu os R$
4.000 recebidos. A Bárbara não
tomou a mesma decisão, mas eu
respeito seu ponto de vista."
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