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São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003

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VAIDADE SOCIAL

Presidente diz que não é possível que se utilize a miséria das pessoas para dizer "essa aqui é a minha marca"

Lula critica resistência à fusão de programas

Sergio Lima/Folha Imagem
Presidente Lula discursa, ao lado de uma intérprete para surdo-mudo, na abertura de conferência


WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou seu discurso na abertura da 1ª Conferência Nacional das Cidades para criticar os supostos interesses políticos de governadores e prefeitos que resistem à política de unificação dos programas sociais.
"Não é possível que se utilize a miséria das pessoas para dizer: "Essa aqui é a minha marca". Não precisa de marca", disse Lula. Ele afirmou que a questão da marca era uma preocupação durante a discussão do programa Bolsa-Família, que resultou da unificação de quatro programas federais de transferência de renda.
O presidente afirmou que, diante disso, sugeriu aos governadores que os cartões que serão utilizados para o saque do dinheiro contenham as bandeiras do Brasil, do Estado e do município. "Pronto. Não precisa colocar um nome diferente, não precisa colocar a cara do presidente, do governador ou do prefeito, o nosso prazer é saber que fizemos alguma coisa que possa ter melhorado a vida de um ser humano neste país."
O presidente lançou no último dia 20 a unificação de programas sociais. Nenhum governador ou prefeito aderiu formalmente à unificação ainda. "Nós levamos quase sete meses discutindo com governos estaduais e municipais, principalmente das capitais, uma unificação das políticas sociais. Não é uma coisa fácil."

Unificação habitacional
O presidente disse que sua intenção é estender a unificação de programas federais, estaduais e municipais também para a área habitacional, de forma que um complemente o outro.
Discursando para cerca de 3.000 delegados eleitos em conferências municipais sobre cidades, além de vereadores, prefeitos e deputados de todos os partidos, no salão do Minas Brasília Tênis Clube, em Brasília, o presidente elencou diversas ações do seu governo na área de desenvolvimento urbano.
Depois de lembrar que 7 milhões de pessoas não têm onde morar e outros milhões moram em condições subumanas e/ou em áreas de risco e preservação ambiental, informou que prédios do governo federal poderão ser cedidos para sem-teto morarem. Uma comissão deve fazer o levantamento dos imóveis.

Críticas a FHC
Em três ocasiões Lula referiu-se com ironia ou críticas aos governos de Fernando Henrique Cardoso. "Se nós continuarmos a fazer do mesmo jeito que vinha sendo feito, eu pergunto a vocês: "Para quê?" Ele disse que pode não fazer tudo que prometeu, "mas o que fizer tem que ser bem feito".
Também citou uma promessa que não cumpriu. "Em fevereiro, em encontro com mais de 2.000 prefeitos, anunciei que iríamos liberar R$ 1,4 bi para saneamento. Depois descobri que esse era um dinheiro que habitualmente se anunciava e não se liberava".
O presidente contou que chamou o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso e disse que "se alguém, em algum momento, anunciou dinheiro e não liberou, isso tem que mudar". Lula afirmou que o dinheiro será liberado até o final do ano.
Por fim, ao lembrar que, na condição de deputado, foi co-autor do projeto de lei que cria o Fundo Nacional de Moradia Popular, ironizou FHC. "Vamos ter que votar esse projeto, que tramita há 12 anos, porque eu não quero esquecer tudo que fiz e escrevi no passado", disse, em referência à frase de mesmo sentido proferida por FHC às vésperas de se tornar candidato às eleições de 1994.


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