São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO TUCANA

Osmar Serraglio quer esclarecimentos sobre operação que envolve o presidente do PSDB, o empresário Marcos Valério e o ministro do Turismo

CPI pode convocar Azeredo, afirma relator

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para identificar a origem do dinheiro e a intenção de Marcos Valério de Souza ao emprestar R$ 700 mil para quitar dívida de uma campanha tucana, a CPI dos Correios avalia convocar o presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), e o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB-MG).
"O objetivo da CPI é entender a intenção do Valério ao fazer determinados empréstimos. Por isso, para ajudar nesta investigação, poderemos ouvir os que foram citados na reportagem", disse o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).
O relator se referiu à reportagem deste final de semana da revista "IstoÉ" que trouxe cópia de um cheque de Valério, empresário acusado de ser o operador do "mensalão", usado em 2002 para pagar uma dívida de Azeredo com Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha do tucano ao governo de Minas em 1998.
Azeredo admite o auxílio do empresário mineiro e diz que devolveu dinheiro a ele "poucos dias depois", graças a um empréstimo de R$ 500 mil colhido no Banco Rural por Mares Guia -que confirma o empréstimo ao "amigo" Azeredo, mas nega ter se relacionado com Valério.
Azeredo e Mourão já foram ouvidos pela CPI. Em depoimentos, admitiram o uso de caixa dois na campanha. Dados da CPI relevaram contatos telefônicos de Valério e Azeredo, entre 2001 e 2002, e da empresa SMPB Comunicação, de Valério, com o atual ministro do Turismo, entre 2000 e 2002.
Segundo a Folha apurou, integrantes da base do governo que integram a comissão querem investigar um suposto elo entre o empréstimo de Valério à campanha de Azeredo e dinheiro público oriundo do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
"Não podemos fazer dessa investigação uma briga entre aliados e oposição e entre PT e PSDB. Mas a verdade é que está cada vez mais comprovado que o esquema Marcos Valério começou antes do governo petista. Por isso vamos ouvir todos os que puderem ajudar na investigação da origem desse esquema", afirmou o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), um dos sub-relatores da CPI.
O eventual uso político do caso Azeredo pela base governista preocupa a oposição, que rebate: "Se ameaçarem com a devolução da crise para outros, o troco vem na hora. Querem investigar Minas, Rio de Janeiro? Vamos investigar São Paulo, Santa Catarina... Olho por olho, dente por dente", disse o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), sem entrar em detalhes.
Por ora, a CPI dos Correios é o único meio de investigação da conexão de Valério com Azeredo e o ministro petebista do Turismo. Isso porque a comissão do Mensalão já se declarou impedida de investigar o caso, por meio de seu relator Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG). E a CPI dos Bingos, dominada pela oposição, tem focado suas investigações em temas incômodos para o governo, como o assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André, e a suspeita de superfaturamento em contratos da Caixa Econômica Federal.


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