|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO TUCANA
Osmar Serraglio quer esclarecimentos sobre operação que envolve o presidente do PSDB, o empresário Marcos Valério e o ministro do Turismo
CPI pode convocar Azeredo, afirma relator
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para identificar a origem do dinheiro e a intenção de Marcos Valério de Souza ao emprestar R$
700 mil para quitar dívida de uma
campanha tucana, a CPI dos Correios avalia convocar o presidente
nacional do PSDB, senador
Eduardo Azeredo (MG), e o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB-MG).
"O objetivo da CPI é entender a
intenção do Valério ao fazer determinados empréstimos. Por isso, para ajudar nesta investigação,
poderemos ouvir os que foram citados na reportagem", disse o relator da CPI, deputado Osmar
Serraglio (PMDB-PR).
O relator se referiu à reportagem deste final de semana da revista "IstoÉ" que trouxe cópia de
um cheque de Valério, empresário acusado de ser o operador do
"mensalão", usado em 2002 para
pagar uma dívida de Azeredo
com Cláudio Mourão, tesoureiro
da campanha do tucano ao governo de Minas em 1998.
Azeredo admite o auxílio do
empresário mineiro e diz que devolveu dinheiro a ele "poucos dias
depois", graças a um empréstimo
de R$ 500 mil colhido no Banco
Rural por Mares Guia -que confirma o empréstimo ao "amigo"
Azeredo, mas nega ter se relacionado com Valério.
Azeredo e Mourão já foram ouvidos pela CPI. Em depoimentos,
admitiram o uso de caixa dois na
campanha. Dados da CPI relevaram contatos telefônicos de Valério e Azeredo, entre 2001 e 2002, e
da empresa SMPB Comunicação,
de Valério, com o atual ministro
do Turismo, entre 2000 e 2002.
Segundo a Folha apurou, integrantes da base do governo que
integram a comissão querem investigar um suposto elo entre o
empréstimo de Valério à campanha de Azeredo e dinheiro público oriundo do governo Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002).
"Não podemos fazer dessa investigação uma briga entre aliados e oposição e entre PT e PSDB.
Mas a verdade é que está cada vez
mais comprovado que o esquema
Marcos Valério começou antes do
governo petista. Por isso vamos
ouvir todos os que puderem ajudar na investigação da origem
desse esquema", afirmou o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), um dos sub-relatores da CPI.
O eventual uso político do caso
Azeredo pela base governista
preocupa a oposição, que rebate:
"Se ameaçarem com a devolução
da crise para outros, o troco vem
na hora. Querem investigar Minas, Rio de Janeiro? Vamos investigar São Paulo, Santa Catarina...
Olho por olho, dente por dente",
disse o líder do PFL no Senado,
José Agripino (RN), sem entrar
em detalhes.
Por ora, a CPI dos Correios é o
único meio de investigação da conexão de Valério com Azeredo e o
ministro petebista do Turismo.
Isso porque a comissão do Mensalão já se declarou impedida de
investigar o caso, por meio de seu
relator Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG). E a CPI dos Bingos, dominada pela oposição, tem focado
suas investigações em temas incômodos para o governo, como o
assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André, e a suspeita
de superfaturamento em contratos da Caixa Econômica Federal.
Texto Anterior: Carvalho diz que recebeu apoio do presidente Próximo Texto: Frases Índice
|