São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ NOVA DIREÇÃO

Paulo Ferreira não quer ser chamado de tesoureiro, por considerar o termo depreciativo

Sucessor de Delúbio propõe "esforço" por doação legal

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Substituto de Delúbio Soares no comando do caixa petista, o novo secretário de Finanças do partido, Paulo Ferreira, 46, não quer ser chamado de "tesoureiro", pois considera o termo "depreciativo".
Ligado ao deputado federal José Dirceu (SP) e integrante do Campo Majoritário, tendência com maior influência na legenda, Ferreira diz que fará um "esforço brutal", a partir de agora, para a formalização de todas as doações ao partido.
Nesta entrevista concedida à Folha, ele classificou a expulsão de Delúbio Soares como uma medida "extremada".
Na votação do Diretório Nacional petista anteontem, Ferreira foi um dos que optaram pela pena mais branda ao ex-tesoureiro: a suspensão por três anos dos quadros partidários.
"Delúbio não cometeu apropriação [de dinheiro]", afirmou o novo tesoureiro petista.
Ferreira iniciou sua militância política no Rio Grande do Sul, onde participou do movimento estudantil e das ações da igreja. Agora, terá pela frente a reorganização do caixa petista, que amarga uma dívida -reconhecida- de cerca de R$ 40 milhões.
 

Folha - O PT vem tratando o caixa dois como prática comum. Isso vai mudar a partir de agora?
Paulo Ferreira -
É, sim, uma prática comum entre os partidos. Uma nova legislação tem de aperfeiçoar o sistema de financiamento, aprovando uma reforma que diminua os custos das campanhas, que devem ser feitas, como o partido sempre defendeu, por meio de financiamento público.

Folha - Sem mudar a lei, essa prática vai continuar no PT?
Ferreira -
Não. Vamos fazer um esforço brutal a partir de agora para extrair resoluções que tenham como premissa a formalização de todas as doações. Vamos regulamentar o sistema de autofinanciamento [doação de militantes] e de financiamento do PT, dentro da lei, evidentemente.

Folha - Como?
Ferreira -
As lições que nós extraímos implicarão a decisão da Executiva do PT de forçar e fazer com que, nas campanhas eleitorais, o doador sempre faça doação formalizada. O PT, assim como os outros partidos, tem de caminhar para um processo cada vez maior de formalização das doações.

Folha - Por que o senhor votou pela suspensão por três anos de Delúbio e não pela expulsão?
Ferreira -
A suspensão é uma penalidade bem forte. Delúbio não cometeu apropriação. Conduziu o partido de forma individual e isso acabou causando esses problemas que nós vivemos.
Acho que expulsão é uma medida extremada para o tamanho dos erros que ele cometeu, que estão de acordo com três anos de suspensão.


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