|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ NOVA DIREÇÃO
Paulo Ferreira não quer ser chamado de tesoureiro, por considerar o termo depreciativo
Sucessor de Delúbio propõe "esforço" por doação legal
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Substituto de Delúbio Soares no
comando do caixa petista, o novo
secretário de Finanças do partido,
Paulo Ferreira, 46, não quer ser
chamado de "tesoureiro", pois
considera o termo "depreciativo".
Ligado ao deputado federal José
Dirceu (SP) e integrante do Campo Majoritário, tendência com
maior influência na legenda, Ferreira diz que fará um "esforço
brutal", a partir de agora, para a
formalização de todas as doações
ao partido.
Nesta entrevista concedida à
Folha, ele classificou a expulsão
de Delúbio Soares como uma medida "extremada".
Na votação do Diretório Nacional petista anteontem, Ferreira foi
um dos que optaram pela pena
mais branda ao ex-tesoureiro: a
suspensão por três anos dos quadros partidários.
"Delúbio não cometeu apropriação [de dinheiro]", afirmou o
novo tesoureiro petista.
Ferreira iniciou sua militância
política no Rio Grande do Sul, onde participou do movimento estudantil e das ações da igreja.
Agora, terá pela frente a reorganização do caixa petista, que amarga uma dívida -reconhecida-
de cerca de R$ 40 milhões.
Folha - O PT vem tratando o caixa
dois como prática comum. Isso vai
mudar a partir de agora?
Paulo Ferreira -É, sim, uma prática comum entre os partidos.
Uma nova legislação tem de aperfeiçoar o sistema de financiamento, aprovando uma reforma que
diminua os custos das campanhas, que devem ser feitas, como
o partido sempre defendeu, por
meio de financiamento público.
Folha - Sem mudar a lei, essa prática vai continuar no PT?
Ferreira -Não. Vamos fazer um
esforço brutal a partir de agora
para extrair resoluções que tenham como premissa a formalização de todas as doações. Vamos
regulamentar o sistema de autofinanciamento [doação de militantes] e de financiamento do PT,
dentro da lei, evidentemente.
Folha - Como?
Ferreira -As lições que nós extraímos implicarão a decisão da
Executiva do PT de forçar e fazer
com que, nas campanhas eleitorais, o doador sempre faça doação
formalizada. O PT, assim como os
outros partidos, tem de caminhar
para um processo cada vez maior
de formalização das doações.
Folha - Por que o senhor votou
pela suspensão por três anos de
Delúbio e não pela expulsão?
Ferreira -A suspensão é uma penalidade bem forte. Delúbio não
cometeu apropriação. Conduziu
o partido de forma individual e isso acabou causando esses problemas que nós vivemos.
Acho que expulsão é uma medida extremada para o tamanho dos
erros que ele cometeu, que estão
de acordo com três anos de suspensão.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Dirceu vê exagero em punição a Delúbio Índice
|