São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

"O povo"

Ana Paula Padrão, ao fechar a semana no "SBT Brasil":
- Qualquer que seja o resultado, terá sido bom ao país. Debater e escolher no voto é exercício que só as democracias consolidadas conseguem realizar.
O MST não diria melhor, na sua defesa da democracia direta em sites como Brasil de Fato. Mas o referendo chegou ao fim com a goleada do "não" e, na manchete de "O Globo":
- Endurecimento da lei penal começa a ser discutido.
Entre outras, propostas como "redução da maioridade penal e pena de morte" devem ganhar amplitude e o referendo "pode levar a novas consultas".
Quando foi votar, ontem, Jair Bolsonaro, um dos líderes do "não", já defendeu ao site da Agência Brasil o referendo sobre "redução da maioridade".
De sua parte, o blogueiro Jorge Bastos Moreno postou que "o povo pode estar até errado" no "não", mas ele também quer mais consulta popular. Como João Pedro Stedile, quer "ouvir o povo sempre". Para começar, sobre "liberação do aborto".
Se a experiência do domingo indicou alguma coisa, é que na "democracia direta" a pena de morte vencerá, provavelmente. E o aborto vai perder.
 
Como indicou Larry Rohter no "NYT" de quinta, a oposição trata de culpar Lula pela vitória do "não", por não garantir mais segurança pública.
Até governadores, como no caso de Aécio Neves, ontem na Band News, responsabilizam Brasília pela crise na segurança, uma atribuição estadual.
Mas o melhor ficou para os que pediam "sim" e mudaram com as pesquisas. Cesar Maia, no Globo Online, se declarou "convencido por especialistas" a desistir de votar "sim":
- Em lugares como o Rio, o uso da arma é necessário.

NO JOGO

Reprodução
No ar, a nova campanha do Fome Zero

Sublinhando que o referendo deu "aos adversários a oportunidade de tirar uma casquinha de Lula", o blog de Josias de Souza afirmou que, "em avaliações internas do tucanato, Lula, que chegou a ser considerado carta fora do baralho presidencial, voltou com força ao jogo".
No "jogo", foi ontem no horário nobre, como adiantou o blog de Fernando Rodrigues, a estréia da campanha do Fome Zero, eixo da eventual reeleição de Lula. Com um minuto, o primeiro comercial destacou uma adaptação da canção "Impossible Dream", com novos versos:
- Viver este sonho impossível/ Lutar, não ter nada a temer/ Unir, se tornar imbatível... E do sonho que a gente sonhou/ Mudar esta grande nação.
No dizer do blog, "a idéia da campanha é emocionar". E eleger Lula. Na locução do comercial, as ações do Fome Zero estão "devolvendo a esperança aos brasileiros".

"Mensalão"
Depois dos reclamos de Carlos Dornelles, "JN" e "Fantástico" noticiaram extensivamente o cheque do "tucanoduto" usado para pagar dívida de campanha de Eduardo Azeredo.
Mas nada de manchete. Já na escalada do "SBT Brasil":
- O mensalão tucano -o presidente do PSDB reconhece que recebeu dinheiro de Marcos Valério.
O blog de Claudio Weber Abramo avaliou que "não faz nenhum sentido" cassar uns e poupar outros que fizeram "a mesmíssima coisa". E Azeredo "é o caso mais gritante".

"Mensalinho"
Da escalada de manchetes do "Jornal da Band":
- Nem o PSOL escapa. Um senador do partido é acusado de ficar com parte do salário dos assessores.
Em dois dias de manchetes no "Jornal do Brasil", o episódio foi batizado de "o mensalinho de Geraldo Mesquita".
O blog de Josias de Souza, com a nota "PSOL x PSOL", registrou que a "primeira crise" opõe a "estrela máxima da legenda", Heloísa Helena, a "Geraldinho, como é conhecido".

@ - nelsondesa@folhasp.com.br

DESTRUIÇÃO EM MASSA

Prossegue a guerra civil no maior jornal do mundo, por conta de Judith Miller e as reportagens infundadas sobre as armas de destruição em massa do Iraque. No "NYT" de sábado, a conduta da jornalista foi questionada pelo editor-chefe. Ontem, pelo ombudsman.
Mas o golpe mortal foi dado pela colunista Maureen Dowd, citando atitudes vexatórias da colega e dizendo que, se ela voltar à redação, "a instituição sob maior risco será este jornal em suas mãos". Da CNN à blogosfera, a frase ecoou o dia todo, bem como o título "Woman of mass destruction", mulher de destruição em massa.


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