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Atrás de apoio, governo quer mudar LRF
Planalto estuda ampliar limite de endividamento dos Estados no momento em que precisa dos governadores para aprovar CPMF
Medida tem o apoio dos especialistas; "Mudança separa e responsabiliza
cada poder", afirma o economista Raul Velloso
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo federal pretende
mudar a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) para ampliar o
limite de endividamento dos
Estados. A proposta vem em
momento no qual o Palácio do
Planalto precisa de apoio dos
governadores e da oposição para prorrogar a CPMF no Senado. A medida é bem-vista por
especialistas.
A mudança desejada pelo governo pretende separar o limite
de gastos com pessoal por poder, conforme a Folha noticiou
no início deste mês. Hoje, essas
despesas nos Estados não podem ultrapassar 49% da receita
líquida corrente no caso do
Executivo, 6% no Judiciário,
3% no Legislativo e 2% no Ministério Público.
Receita líquida corrente é tudo o que é arrecadado menos o
que deve ser repassado aos municípios e a contribuição dos
servidores para o custeio do
seu sistema de previdência e
assistência social.
Os tetos específicos compõem o teto geral. Se um deles
ultrapassar o limite total, ninguém pode pedir novos empréstimos -o que atrapalha
principalmente o Executivo,
que precisa de dinheiro para
tocar obras e projetos. "A mudança separa e responsabiliza
cada poder", afirma Raul Velloso, especialista em contas públicas. "Se o Judiciário não
cumpre e estoura o limite, prejudica o Executivo, como no
Rio Grande do Sul."
Sergipe poderia tomar emprestados R$ 500 milhões se a
regra fosse alterada. No Estado, o Ministério Público e o Legislativo não cumprem a lei.
Análise
Geraldo Biasoto Jr., professor licenciado da Unicamp e
atual presidente da Fundap
(Fundação do Desenvolvimento Administrativo) do Estado
de São Paulo, diz achar a mudança legítima (pelos mesmo
motivos de Velloso), mas destaca um problema.
"Isso também vai permitir
que os outros órgãos aumentem seus gastos", afirma Biasoto. "Além disso, há o problema
de enviar a proposta em ano
eleitoral. Na hora em que você
manda uma medida para o
Congresso, todo mundo se sente autorizado a discutir tudo e a
lei pode ser mal flexibilizada,
pelo momento político."
Para o especialista em contas
públicas Amir Khair, que foi secretário na gestão petista de
Luiza Erundina (hoje no PSB),
a medida também é positiva,
mas não ataca o essencial.
"A mudança procede porque
quem está sendo punido é
quem cumpre a sua parte [o
Executivo]", diz Khair. "O problema é que as punições são
muito brandas. Se a punição
fosse mais dura contra o governante, o juiz ou o deputado que
viola a lei, talvez não fosse preciso mexer no endividamento."
O economista José Roberto
Afonso, ligado ao governador
de São Paulo, José Serra
(PSDB), acha que há outros
itens importantes que podem
ser aperfeiçoados. "Seria bom o
governo federal aproveitar pra
aprovar limite para a dívida federal, perdido no Senado, e
projeto para reduzir gasto pessoal, abandonado na Câmara."
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