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Índios da Raposa dizem ter sido ameaçados pela PF e por Exército
Ambos negam e dizem que cumpriam mandados de busca e apreensão na área
ESTELITA HASS CARAZZAI
DA AGÊNCIA FOLHA
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Índios de três comunidades
da terra indígena Raposa/ Serra do Sol, em Roraima, afirmam
que foram ameaçados e tiveram casas e equipamentos de
garimpo destruídos com explosivos utilizados pela Polícia Federal e pelo Exército na semana
passada, durante a Operação
Escudo Dourado.
Segundo o Exército, dez pessoas foram presas na ação, entre elas cinco índios, e dez garimpos foram localizados.
A operação, deflagrada no dia
12, tinha como objetivo combater o garimpo ilegal na fronteira
do Brasil com a Guiana.
O índio macuxi Lauro Barbosa afirmou que quem tentava se
aproximar e proteger os equipamentos, que auxiliam na extração de ouro e diamante, foi
ameaçado pelos agentes da PF
e do Exército, que, segundo disse, apontaram armas de fogo.
Ninguém se feriu.
A situação da Raposa/Serra
do Sol esteve menos tensa desde junho, quando o último não
índio foi retirado da área, em
cumprimento à decisão do
STF. Policiais permanecem na
região para evitar conflitos.
Nos últimos meses, os índios,
agora sem as plantações de arroz, enfrentaram uma estiagem
que prejudicou suas lavouras.
De acordo com a Secretaria
do Índio de Roraima, esse é um
dos motivos para o aumento
dos garimpos na região -atividade econômica secundária
das etnias "há gerações", segundo os índios.
O garimpo em terras indígenas é considerado ilegal.
Para o secretário estadual do
Índio, Jonas Marcolino, a prática na Raposa/Serra do Sol é
uma "questão de sobrevivência", sem a qual os índios podem "morrer de fome".
De acordo com o líder indígena Abel Barbosa, ligado à Sodiur (Sociedade dos Índios
Unidos do Norte de Roraima),
que era favorável à presença
dos produtores de arroz, cerca
de cem famílias foram prejudicadas pela operação porque dependiam dos garimpos.
Outro lado
Em nota, o Exército e a PF de
Roraima negaram abusos e disseram que cumpriam mandados de busca e apreensão. Falaram que apenas as máquinas
que não podiam ser transportadas foram destruídas no local.
Para o Exército, as acusações
dos índios "carecem de fundamento", já que "não houve
qualquer tipo de reação" dos
garimpeiros durante a ação. A
PF diz que as afirmações dos
índios são "caluniosas".
A Funai (Fundação Nacional
do Índio) não se pronunciou
até o fechamento desta edição.
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