São Paulo, sábado, 24 de outubro de 1998

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PERSONALIDADE
Pefelista, que foi governador de SC e se destacou na CPI dos Precatórios, sofria de câncer no pulmão
Senador Vilson Kleinubing morre aos 54

ESTANISLAU MARIA
da Agência Folha, em Florianópolis

O senador e ex-governador de Santa Catarina Vilson Kleinubing (PFL), 54, morreu às 10h30 de ontem, no hospital de Caridade, em Florianópolis, devido a insuficiência respiratória provocada por um câncer no pulmão.
Segundo o médico oncologista Marcelo Collaço Paulo, o tumor tomou os dois pulmões, o esôfago, a traquéia e a pleura. Kleinubing fora internado às pressas no último sábado com dificuldades respiratórias.
O corpo do senador foi velado ontem no plenário da Assembléia Legislativa, que foi aberto ao público por volta das 18h.
Às 15h, o presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), chegou a Florianópolis vindo de São Paulo. Emocionado, ACM ficou ao lado da família por cerca de 20 minutos.
"O Brasil perde um grande homem público. O senador foi um dos maiores destaques da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado", disse ACM, que voltou às 17h para São Paulo.
O presidente do PFL, senador eleito por Santa Catarina Jorge Bornhausen, acompanhou a família de Kleinubing desde o hospital e permaneceu no velório. "Santa Catarina perde um dos políticos de maior expressão", disse.
O presidente Fernando Henrique Cardoso será representado hoje no enterro pelo vice-presidente, Marco Maciel, que chegará a Florianópolis às 8h40.
O enterro com honras militares deve acontecer entre 10h e 11h no cemitério Jardim da Paz. O governador do Estado, Paulo Afonso Vieira (PMDB), decretou luto oficial por três dias.
Gaúcho, senador eleito em 1994, Vilson Kleinubing nasceu em 9 de setembro de 1944, em Montenegro (72 km de Porto Alegre).
Engenheiro mecânico pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fez a pós-graduação em engenharia econômica na Universidade Federal de Santa Catarina.
Kleinubing foi eleito deputado federal pelo PDS em 1982. Foi secretário de Agricultura e Abastecimento no governo Esperidião Amin (1983 a 1986) e eleito, em 1988, pelo PFL, prefeito de Blumenau, de onde saiu para disputar e ganhar o governo de Santa Catarina, em 1990.
Conquistou uma cadeira no Senado na eleição de 1994, para o mandato de 1995 a 2003. Seu suplente é o médico e ex-vereador de Tubarão Geraldo Althoff.
Kleinubing foi membro-titular da Comissão de Assuntos Econômicos e da Comissão de Serviços de Infra-Estrutura no Senado.
Destacou-se, no ano passado, ao fazer denúncias de irregularidades e participar da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Precatórios, que investigou a emissão e venda de títulos públicos para pagamento de dívidas judiciais dos governos de Santa Catarina, Alagoas e Pernambuco e da Prefeitura de São Paulo.
Foi cotado pelo PFL para assumir um ministério no segundo mandato de FHC. "Se Santa Catarina tiver um ministro, este será Vilson Kleinubing", disse Bornhausen, há um mês.
Kleinubing foi o principal articulador na reaproximação de Amin e Bornhausen, antigos adversários, para formar a coligação que venceu as eleições majoritárias deste ano no Estado.
Ele travava havia dois anos uma batalha contra o câncer e, doente, não pôde votar em 4 de outubro. Fumante que não gostava de ser fotografado com o cigarro na mão, Kleinubing foi diagnosticado portador de um tumor do pulmão e operado em 1996.
Ele era casado com Vera Maria Karam Kleinubing e tinha três filhos: João Paulo, 25, Eduardo, 24, e Diogo, 16.



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