São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2000

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Brizola sinaliza apoio a Itamar para presidente

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, sinalizou ontem o apoio a uma eventual candidatura do governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido), à Presidência em 2002.
"Acho que a de Itamar é uma das candidaturas viáveis à presidência. É o governador de Minas e tem feito uma oposição dura ao governo federal, mais definida que a do Lula", afirmou Brizola, que foi vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 1998.
"O Lula foi conversar com o (presidente) Fernando Henrique. O Itamar, não. Ele tem tido uma postura de muita firmeza", afirmou o ex-governador do Rio.
O líder pedetista disse que é "difícil" repetir o apoio dados aos petistas nas próximas eleições.
"Eu acho que uma quarta candidatura do Lula seria bastante problemática. Achamos que seria para perder", declarou.
Ele prevê que o PT mais uma vez lançará Lula. "Os petistas estão trabalhando para isso."
Mas Brizola diz que, em um segundo turno na eleição presidencial, a esquerda deverá estar unida. "Entre um candidato de qualquer partido popular e um conservador, ficamos com o candidato popular, seja ele quem for."
Os sinais enviados por Brizola ao governador mineiro não são gratuitos. O líder pedetista nutre a esperança de atrair Itamar para seu partido, agora que a sigla expulsou o governador fluminense, Anthony Garotinho.
Itamar, no entanto, está mais próximo do PSB, justamente para disputar a Presidência.
Outra demonstração do afastamento de PT e PDT se deu no início da semana. Brizola enviou carta ao Conselho Político da Frente Democrático-Popular informando a saída de seu partido.
O conselho foi formado pelos partidos que apoiaram Lula em 1998 (PT, PDT, PSB, PC do B e PCB) e tinha como objetivo preservar a unidades das esquerdas na próxima eleição presidencial.
Mas PT e PDT se afastaram bastante nas últimas eleições municipais, entrando em choque em cidades como Rio e Porto Alegre.
Os petistas também criticam os movimentos de aproximação do PDT com o PTB, que podem resultar até em fusão.
Na carta enviada ao conselho, Brizola diz que "um novo cenário se desenha para os dois próximos anos, com tendências diversas na reordenação de alianças partidárias e das lideranças políticas".
Ele, no entanto, deixa uma porta aberta aos petistas. "O PDT decidiu afastar-se do conselho manifestando, contudo, a certeza de que a manutenção do diálogo é importante para consolidação dos partidos", afirma o líder pedetista no documento.
O ex-governador nega que esteja rompendo com o PT. "Saímos do conselho porque não servia para muita coisa e era controlado pelos petistas", declarou.
O coordenador do conselho, o petista Tarso Genro, prefeito eleito de Porto Alegre, disse ontem que a saída do PDT não prejudica o órgão. "À medida que o PDT se integrar com o PTB, ele perde a sua caracterização de competir na área de esquerda", afirmou.


Colaborou SANDRA BRASIL, da Reportagem Local

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