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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PUBLICIDADE
Depoimento na CPI revelou que conta do Ourocard foi centralizada na agência de Valério
Pizzolato favoreceu DNA em 2003, diz concorrente
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O então diretor de Marketing do
Banco do Brasil Henrique Pizzolato determinou a centralização, a
partir de abril de 2003, da conta de
publicidade do Ourocard, administrado pela Visanet, na agência
DNA, de Marcos Valério de Souza. A informação foi dada pelo diretor financeiro da agência Lowe,
Paulo Roberto dos Santos, que
depôs ontem na CPI dos Correios.
Entre março de 2000 e setembro
de 2003, o contrato de publicidade do Banco do Brasil era dividido
entre a Lowe, a DNA e a Grottera.
O BB possui cotas do Fundo de
Incentivo da Visanet, e as três
agências prestavam serviço para o
cartão de crédito Ourocard até
abril de 2003.
"Ficou muito clara para nós a
perda do produto Ourocard em
abril de 2003. Continuamos trabalhando para o BB em outros
produtos, mas fomos informados
de que a DNA ganhou a conta da
Ourocard. Seguramente o faturamento de 2003 [da Lowe] foi menor do que o de 2002. O cartão era
um excelente produto", disse
Santos, ressaltando que não houve licitação para a mudança.
O sub-relator de contratos, deputado José Eduardo Cardozo
(PT-SP), perguntou ao diretor da
Lowe quem havia determinado a
exclusividade dessa conta para a
DNA. "Parece que era Henrique",
respondeu ele. Cardozo questionou se era Pizzolato. "Esse mesmo", afirmou Santos.
A Folha informou Mário de Oliveira Filho, advogado do ex-diretor de marketing do BB, a respeito
das acusações, mas ele não havia
respondido até o fechamento desta edição. Filiado ao PT, Pizzolato
recebeu R$ 356 mil sacados das
contas de Marcos Valério. Quando compareceu à comissão, disse
que não sabia que os pacotes que
mandou buscar no Banco Rural
para o PT continham dinheiro.
A Visanet foi a primeira fonte de
dinheiro público apontada pela
CPI dos Correios no esquema do
"mensalão". De acordo com o relator, deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR), pelo menos R$ 10
milhões teriam sido desviados para o PT, que teria distribuído esses
recursos para aliados. A DNA e o
BB contestam essa informação.
Numa operação considerada
atípica pela CPI, o BB autorizou
em 2003 e 2004 o repasse antecipado à DNA de R$ 73,8 milhões
da cota que detinha na Visanet,
antes mesmo da aprovação de
campanhas publicitárias específicas. "Por determinação do Pizzolato houve uma concentração na
DNA desses adiantamentos, permitindo que a agência tivesse ganhos com aplicações financeiras",
afirmou Cardozo.
Santos afirmou que a Lowe também recebia adiantamentos da
Visanet quando cuidava da conta
do Ourocard, mas afirmou que o
procedimento era diferente.
"Nunca recebemos adiantamento
por um ano, eles eram feitos em
cima de propostas definidas e
com prazo de execução. Eram
adiantamentos por dois ou três
meses", afirmou o diretor.
Também foi ouvido Eduardo
Groisman, diretor financeiro da
D+, agência que dividiu o contrato de publicidade do BB com a
DNA e a Olgivy a partir de setembro de 2003. Ele afirmou que ao
prestar serviços para a Visanet era
pago pela agência de Valério, que
concentrava a verba. Segundo ele,
a D+ recebeu R$ 7,3 milhões da
DNA entre 2003 e 2005.
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