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CASO BAHIATURSA
Presidente da Assembléia engaveta CPI para investigar movimentação de R$ 101 milhões em conta não registrada
Aliados de ACM impedem apuração em estatal
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Uma manobra feita por deputados estaduais que seguem a liderança do governador Paulo Souto
(PFL-BA) e do senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA) tem
impedido, na Assembléia Legislativa da Bahia, a instalação de uma
CPI para apurar uma denúncia
contra o governo estadual.
De acordo com o parecer do
conselheiro Pedro Lino, do Tribunal de Contas do Estado, a Bahiatursa (órgão oficial de turismo do
Estado) movimentou R$ 101 milhões, entre 2003 e abril de 2005,
por meio de uma conta que não
estaria registrada no erário.
Há quase um mês, o deputado
Álvaro Gomes (PC do B) encaminhou à Assembléia um requerimento solicitando a instalação da
CPI. Com 22 assinaturas (uma a
mais do que o mínimo exigido), o
requerimento ainda não saiu da
gaveta da presidência da Casa.
Para a CPI começar a funcionar
efetivamente, cabe ao presidente
da Assembléia convocar a sessão
para instalação. No entanto, para
dificultar o trabalho da oposição,
os governistas não indicam os
seus representantes. Dessa forma,
a CPI não pode ser instalada.
Segundo o parecer apresentado
em setembro por Pedro Lino,
professor de direito da UCSal
(Universidade Católica do Salvador), a Bahiatursa repassou
R$ 48,1 milhões para a Rede Interamericana/Propeg, agência que
tem como um de seus sócios o publicitário Fernando Barros, amigo
de Antonio Carlos Magalhães.
Somente entre janeiro e abril
deste ano, "o total pago [pela Bahiatursa] à Rede Interamericana
equivale a cerca de 62% dos recursos movimentados sem autorização orçamentária no mesmo período", escreveu Lino.
Segundo ele, os R$ 101 milhões
auditados circularam em uma
conta do Bradesco que não está
registrada em dois dos órgãos responsáveis pela fiscalização dos
gastos públicos no Estado.
O relatório indica também que a
Bahiatursa transferiu recursos para a ONG Oficina das Artes, que
tinha como sócios à época funcionários da Secretaria de Cultura e
Turismo, órgão ao qual a empresa
de turismo é subordinada.
À época, Paulo Gaudenzi, secretário de Cultura e Turismo, disse
que a Propeg é a agência que administra a conta da Bahiatursa e
negou qualquer irregularidade. A
Secretaria da Fazenda da Bahia
disse que não havia irregularidade nos pagamentos e transferências efetuados pela Bahiatursa.
Gaveta
"Existem outros pedidos à frente e não vamos atropelar os fatos",
disse o presidente da Assembléia,
Clóvis Ferraz (PFL), sobre o requerimento de investigação. Dos
63 deputados, 40 apóiam o governo, 21 são de oposição e dois, neutros. Segundo Clóvis, o pedido de
CPI para investigar as denúncias
feitas por Pedro Lino em setembro dificilmente sairá da gaveta.
"Os oposicionistas sabem que,
para a instalação de uma CPI, é
necessário um acordo entre os líderes de todos os partidos."
Pelo regimento da Assembléia
baiana, cinco CPIs podem funcionar simultaneamente -no momento, apenas uma está em andamento. Segundo o líder do governo na Assembléia, Paulo Azzi
(PFL), o relatório do conselheiro
Pedro Lino não expressa a opinião do TCE. "O TCE e o Ministério Público ainda não fizeram nenhum pronunciamento oficial."
Autor do requerimento solicitando a CPI, Álvaro Gomes critica
os governistas. "Os deputados
carlistas têm duas formas de agir.
Em Brasília, assinam todos os requerimentos para investigar qualquer denúncia contra o governo
Lula. Na Bahia, agem de forma
contrária e não aceitam investigar
nada contra o governo."
O líder do PSDB na Assembléia,
Arthur Maia, disse que vai recorrer à Justiça para obrigar a presidência da Casa a indicar os nomes
dos representantes do governo na
CPI da Bahiatursa.
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