|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
País quer quem fale bem a língua, diz FHC
Tucano afirma querer "brasileiros melhor educados" e comete erro de português ao fazer critica velada à formação de Lula
No discurso de encerramento do Congresso Nacional do PSDB, ex-presidente se refere ao PT como "elitezinha que se abotoou ao poder"
Sérgio Lima/Folha Imagem
|
Fernando Henrique e Aécio Neves riem no último dia do Congresso Nacional do PSDB, em Brasília |
SILVIO NAVARRO
FELIPE SELIGMAN
MARIA LUIZA RABELLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso encerrou
ontem o Congresso Nacional
do PSDB, em Brasília, afirmando que quer "brasileiros melhor educados, e não liderados
por gente que despreza a educação, a começar pela própria."
O ex-presidente cometeu um
erro de português. Especialistas consideram que, de acordo
com a norma culta da língua, o
correto seria ter dito "brasileiros mais bem educados".
Em suas mais duras críticas
desde que começou o evento
tucano, FHC não mencionou
diretamente o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e nem o PT,
mas sua fala foi entendida pelos
presentes como uma alusão ao
presidente petista.
Em um esforço para tentar
separar as denúncias do valerioduto tucano do escândalo do
mensalão, o PSDB, no último
dia do congresso, deixou para
FHC desferir a artilharia pesada contra o governo e o PT, a
quem o ex-presidente se refere
como "elitezinha que se abotoou ao poder".
O tucano citou Lula logo na
primeira frase do discurso,
mas, no decorrer da fala, passou a ocultar o nome do presidente Lula. Permeou o discurso
com frases para rebater as críticas do PT que o partido e seus
membros são elitistas.
"Nosso partido tem gente
acadêmica, não temos vergonha disso. Tem gente que sabe
falar mais de uma língua, e também sabemos muito bem falar a
nossa língua. Muitos brasileiros ainda não puderam saber
falar bem a nossa língua e muito menos as outras", afirmou
FHC para os militantes.
"E nós faremos o possível e o
impossível para que saibam falar bem a nossa língua. Queremos brasileiros melhor educados, e não brasileiros liderados
por gente que despreza a educação, a começar pela própria."
Lula já se referiu em vários
discursos ao fato de não ter diploma universitário e disse ser
"vítima de preconceito". Em
um discurso em setembro, em
Santo André (SP), Lula disse
que "se criou o dogma neste
país de que só poderia ser presidente da República quem tivesse diploma universitário. Esse
era o dogma, como se pudesse
haver qualquer confusão entre
a capacidade de gerenciar, a capacidade de tomar decisão política e a quantidade de anos de
escola. Os anos de escola servem para um milhão de coisas,
mas para decisão política é preciso, antes de tudo, saber de que
lado se está e saber se tem consciência ou não de que lado a
pessoa está governando ou está
tomando posição".
Na saída do evento tucano, o
governador de São Paulo, José
Serra, também negou a imagem
de que o PSDB é um partido da
elite e fez coro à declaração de
FHC. "Não existe esse estigma
[de elite]. Fui eleito e ganhei em
São Paulo em todas as regiões e
estratos sociais. Minas teve
perfil semelhante. O PSDB não
é partido de elite, é de gente que
trabalha e estuda", disse.
Sobre o futuro, disse que prevê uma "batalha muito dura" ao
PSDB em 2010, mas que o
"tempo de vacas gordas" vai desaparecer e que "há tempestades lá fora". "Tenho muita informação, sou professor nos
EUA, acompanho de perto."
O tucano também fez questão de falar na crise política
com o episódio do mensalão,
tema preferido entre os líderes
da sigla ontem. Da tribuna da
convenção, FHC narrou uma
cena ocorrida em 2003, quando
ele se despediu de Lula no dia
da posse. Afirmou que ouviu do
petista que "deixava um amigo"
no Palácio do Planalto, mas,
com o tempo, seu governo "escolheu o caminho do valerioduto e do mensalão".
O mensalão também permeou o discurso do novo presidente tucano, Sérgio Guerra.
Texto Anterior: Trecho Próximo Texto: Frase Índice
|