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Outro lado
Pai do governador do Rio ficou preso por dois meses durante ditadura militar
DA SUCURSAL DO RIO
Jornalista, crítico de música popular, escritor, comentarista de futebol e letrista bissexto, o pai do governador Sérgio Cabral Filho foi preso político na ditadura. Sérgio Cabral ficou os
dois últimos meses de 1970
encarcerado com colegas de
"O Pasquim" na Vila Militar.
Semanário humorístico de
oposição ao governo, "O Pasquim" tinha entre seus fundadores Cabral, que também
atuou na "Última Hora", "O
Globo" e "Diário da Noite".
A prisão em massa da direção de "O Pasquim" ocorreu
em 31 de outubro e nos primeiros dias de novembro, 18
meses após o lançamento do
jornal. Agentes do governo
invadiram a Redação e prenderam o cartunista Ziraldo, o
filósofo Luiz Carlos Maciel, o
publicitário José Grossi e o
auxiliar Haroldo Zager. O
jornalista Paulo Francis foi
preso em casa. O fotógrafo
Paulo Garcez, casado havia
dois dias, foi detido na rua.
Cabral e o cartunista Fortuna estavam em Campos
(RJ), dando palestra. Informados da prisão, voltaram
ao Rio. Fortuna logo foi preso. Cabral se entregou,
acompanhado do cartunista
Jaguar e do teatrólogo Flávio
Rangel. Antes de se apresentarem, pararam num bar e
tomaram várias cervejas.
Não chegaram a ser torturados: ficaram amigos dos
carcereiros, que levavam bebidas ao xadrez, e foram soltos em 31 de dezembro, horas antes do Réveillon.
Desde que o filho tornou-se governador, Cabral passou a assinar Sérgio Cabral,
pai. Não requereu indenização pela perseguição política. Este ano se aposentou,
aos 70, do cargo de conselheiro do TCM do Rio.
(ST)
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