São Paulo, sábado, 24 de novembro de 2007

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Outro lado

Pai do governador do Rio ficou preso por dois meses durante ditadura militar

DA SUCURSAL DO RIO

Jornalista, crítico de música popular, escritor, comentarista de futebol e letrista bissexto, o pai do governador Sérgio Cabral Filho foi preso político na ditadura. Sérgio Cabral ficou os dois últimos meses de 1970 encarcerado com colegas de "O Pasquim" na Vila Militar.
Semanário humorístico de oposição ao governo, "O Pasquim" tinha entre seus fundadores Cabral, que também atuou na "Última Hora", "O Globo" e "Diário da Noite".
A prisão em massa da direção de "O Pasquim" ocorreu em 31 de outubro e nos primeiros dias de novembro, 18 meses após o lançamento do jornal. Agentes do governo invadiram a Redação e prenderam o cartunista Ziraldo, o filósofo Luiz Carlos Maciel, o publicitário José Grossi e o auxiliar Haroldo Zager. O jornalista Paulo Francis foi preso em casa. O fotógrafo Paulo Garcez, casado havia dois dias, foi detido na rua.
Cabral e o cartunista Fortuna estavam em Campos (RJ), dando palestra. Informados da prisão, voltaram ao Rio. Fortuna logo foi preso. Cabral se entregou, acompanhado do cartunista Jaguar e do teatrólogo Flávio Rangel. Antes de se apresentarem, pararam num bar e tomaram várias cervejas.
Não chegaram a ser torturados: ficaram amigos dos carcereiros, que levavam bebidas ao xadrez, e foram soltos em 31 de dezembro, horas antes do Réveillon.
Desde que o filho tornou-se governador, Cabral passou a assinar Sérgio Cabral, pai. Não requereu indenização pela perseguição política. Este ano se aposentou, aos 70, do cargo de conselheiro do TCM do Rio. (ST)


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