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FAB dá carona a filho de Lula
e mais 15
Avião estava chegando a Brasília e voltou a SP para pegar o presidente do BC, que não sabia que levaria também Lulinha e convidados
Assessoria da Presidência
afirma que "é normal o presidente convidar pessoas para se encontrar com
ele e oferecer transporte"
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Faltando dez minutos para
pousar no aeroporto internacional de Brasília no dia 9 de
outubro, uma sexta-feira, o
Boeing 737 de prefixo 2116, da
FAB (Força Aérea Brasileira),
teve de mudar de itinerário e
retornar a São Paulo para buscar novos passageiros: o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o empresário
Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, com 15 acompanhantes.
Meirelles afirma, por meio de
sua assessoria, que solicitou o
avião para transportá-lo de São
Paulo para Brasília e que apenas no momento do embarque
soube que, "por solicitação da
Presidência", o filho de Lula e
mais 15 pessoas "aproveitariam
o voo da aeronave colocada à
disposição do BC".
A viagem do Boeing começou
em Gavião Peixoto (SP), levando a Brasília militares a serviço
da Aeronáutica. Eram 17h, já
perto da capital federal, quando
o comandante recebeu ordem
de voltar a São Paulo.
O Boeing voltou e pousou às
19h em Guarulhos, onde foi
abastecido. O comandante recebeu nova ordem: os passageiros embarcariam em Congonhas, não em Guarulhos.
O Sucatinha partiu de Guarulhos às 20h30. Como já havia
sido abastecida, a aeronave teve que ficar voando por uma
hora para gastar combustível e
ingressar nas condições de
pouso em Congonhas, onde
aterrissou às 21h30.
Os militares foram deslocados para a parte traseira, para
que os novos passageiros embarcassem. A decolagem foi às
23h. O avião chegou a Brasília
uma hora e 40 minutos depois.
O presidente do BC diz que
não sabia o itinerário anterior
do avião, deslocado para atender a sua chamada quando estava para pousar em Brasília.
O Boeing, conhecido como
Sucatinha, faz o transporte aéreo do vice-presidente da República, dos presidentes do Senado, da Câmara ou do STF, de
ministros ou ocupantes de cargo com status de ministro (como Meirelles) e de comandantes das Forças Armadas.
Segundo a regra que regulamenta o uso da aeronave, as autoridades que solicitarem o uso
do avião devem informar à Aeronáutica "a quantidade de
pessoas que eventualmente as
acompanharão".
O decreto diz ainda que "o
transporte de autoridades civis
em desrespeito ao estabelecido" no texto "configura infração administrativa grave".
Outro lado
A assessoria do Banco Central diz que Meirelles solicitou
a aeronave da FAB apenas para
ele e um assessor.
A assessoria de imprensa da
Presidência da República afirma que os passageiros, incluindo Lulinha, eram convidados
do presidente Lula:
"É normal o presidente da
República convidar pessoas para se encontrar com ele em Brasília e oferecer transporte pelas
aeronaves que servem a Presidência da República".
Lulinha não foi localizado
para comentar o caso. A assessoria da Presidência afirma que
não fornece informações sobre
familiares de Lula.
A Presidência, o BC e a FAB
não forneceram a lista de passageiros solicitada pela Folha.
O tenente-coronel Henry
Wender, assessor da FAB, afirma que, como o Boeing estava à
disposição da Presidência, a
FAB não tem controle de lista
de passageiros e de itinerário.
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