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Para empresário, ato foi importante
da Reportagem Local
O empresário Antonio Ermírio
de Moraes, 70, vice-presidente do
grupo Votorantim, disse ontem
que os pedidos de demissão do ministro Luiz Carlos Mendonça de
Barros (Comunicações) e do presidente do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e
Social), André Lara Resende, foram importantes para tirar uma
nuvem de dúvida do ar sobre as
privatizações no país.
"Não conheço os detalhes e não
quero incriminar ninguém, mas já
esperava as demissões porque elas
se tornaram necessárias para a
continuidade das privatizações."
"Se eles continuassem, ficaria
sempre uma nuvem de dúvida no
ar sobre o programa de privatização. Se é que vamos prosseguir
com um processo de privatização,
o melhor para o Brasil foi a demissão de Mendonça de Barros."
Antonio Ermírio disse que ficou
aborrecido ao tomar conhecimento do teor das conversas telefônicas grampeadas de Mendonça de
Barros sobre a privatização da
Companhia Vale do Rio Doce,
quando o ministro demissionário
era presidente do BNDES.
Na conversa, por influência de
Mendonça de Barros, o Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil,
deixou o consórcio Votorantim, de
Antonio Ermírio, para ir para o
consórcio rival, liderado pelo empresário Benjamin Steinbruch, do
grupo Vicunha e da Companhia
Siderúrgica Nacional.
Para todos os ouvidos pela Folha, os pedidos de demissão eram
apenas uma questão de tempo.
Mas ninguém deixou de lamentar
o fato. "O Luiz Carlos e o André
Lara são dois profissionais excelentes, sobre cuja honestidade não
pesa qualquer dúvida", afirmou o
ex-ministro e deputado federal
Antonio Delfim Netto (PPB). Ele
afirmou que "lamenta profundamente" a saída de José Roberto.
"O governo perde figuras importantes. Será uma perda para o presidente, mas o governo sai bem do
episódio", afirmou o ex-ministro
Mailson da Nóbrega.
Segundo os entrevistados, José
Roberto teria apenas aproveitado
o momento para fazer algo que faria de qualquer maneira: deixar o
governo. "O governo se enfraqueceria se os dois tivessem ficado",
disse Nóbrega, referindo-se a Luiz
Carlos e Lara Resende. "Eles tiveram uma atitude digna", emendou
o ex-ministro.
O ex-presidente da Rhodia, Edson Vaz Musa, que é sócio-diretor
da empresa de consultoria MGDK,
afirmou que não faz julgamento de
valor com relação às pessoas "envolvidas no caso", mas considerou
"lamentável que tenhamos concentrado energia nessa questão".
Para o cientista político Sérgio
Abranches, "a política condena
por qualquer motivo". "No momento em que eles aceitaram passar pelo Congresso, tornaram-se
vulneráveis ao crivo político."
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