São Paulo, segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

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Para bispo, Lula do passado morreu e seu governo só dá esmola ao povo

Religioso diz que os movimentos sociais foram abafados na gestão de petista

Fernando Vivas/A Tarde
Na 1ª entrevista coletiva após fim de jejum, bispo diz que Lula deveria ter ministros idôneos

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BARRA (BA)

Em seu retorno a Barra (BA), cidade onde mora há 33 anos, o bispo dom Luiz Flávio Cappio, 61, fez as mais duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde que iniciou sua campanha contra a transposição das águas do rio São Francisco. "O Lula morreu, estamos no governo Inácio da Silva. No governo dele, os movimentos sociais foram abafados, perderam o espaço de expressão e, hoje, estão à margem."
Na semana passada, d. Luiz encerrou jejum de quase 23 dias contra as obras, em Sobradinho (BA). Segundo o bispo, os elevados índices de popularidade de só existem porque "o povo pobre e miserável do Brasil corre atrás de um presidente que dá esmola". Ele se referiu ao programa Fome Zero, hoje incorporado ao Bolsa Família.
"Quando o presidente lançou o programa, chorei de emoção, porque achava que o Fome Zero seria um exemplo para o mundo, que ia dar dignidade e cidadania. No entanto, o programa dá uma esmola e continua mantendo a dependência do povo", disse o bispo. Apesar das críticas, o bispo disse que não fará oposição. "Minha oposição a Inácio da Silva é por motivos éticos e morais."
O religioso afirmou não acreditar na conclusão da transposição, orçada em mais de R$ 5 bilhões. "O projeto envolve recursos de tanta magnitude que, quando o dinheiro acabar, ele pára, as obras acabam."
O bispo voltou a criticar o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), que coordena a execução das obras. "Se o presidente Inácio da Silva quiser ouvir um alerta, acho que ele deve ter mais cuidado na escolha dos seus ministros. É preciso colocar no ministério uma pessoa idônea, capaz e pelo menos educada, e não um incapaz, um incompetente."
Procurado pela Folha, Geddel respondeu: "Sou um homem de concórdia, não quero polemizar com o bispo. Ele pode me xingar, espernear, mas, em um determinado momento, vou conversar com ele. Estamos na véspera do Natal, não quero brigas até porque tenho me alimentado muito bem".
Bem-humorado, o bispo disse que "virou um bebê" ao encerrar o jejum. "É chazinho, arrozinho bem cozido, papinha. Estou reaprendendo a me alimentar corretamente."


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