São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CPI DOS BINGOS

Senador xinga mulher que o acusa de ter apoiado a ditadura

ACM se envolve em novo bate-boca

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Cinco dias após discutir publicamente em plenário com o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) voltou a se envolver ontem em uma outra confusão tendo como mesmo assunto principal o assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), de Santo André (Grande São Paulo), ocorrido em janeiro de 2002.
Ao deixar a sala da CPI dos Bingos onde era ouvido o legista Paulo Vasques, segundo o qual Daniel foi torturado antes de morrer, o senador ACM, 78, foi abordado pela desempregada Rosa Cimiana dos Santos, 46.
"Você não tem moral para falar em tortura porque você fez parte e apoiou a ditadura [militar], responsável pela morte e tortura de muitos brasileiros", disse Santos.
ACM, que disse ter sido empurrado por ela, exigiu respeito e a chamou para conversar fora da sala. Os seguranças intervieram, afastando a mulher. "Venha conversar comigo aqui sua puta. Vem aqui falar isso", disse o senador pefelista, já fora da sala.
Quando percebeu que a discussão entre ACM e a desempregada interferia na sessão, o presidente da CPI Efraim Morais (PFL-PB) pediu que os seguranças retirassem a mulher da sala.
Segundo a desempregada, que mora em Brasília, o regime militar (1964-1985) foi o responsável pela tortura e morte de seu pai, Artur Pereira da Silva, morto em 1982.
"Meu pai morreu em conseqüência das torturas sofridas durante a ditadura. O próprio governo já reconheceu o erro, pagando para a nossa família uma indenização de R$ 109 mil", afirmou.
Segundo Santos, senadores que apoiaram a ditadura não podem ficar indignados com tortura.
"Fiquei espantada com a posição do senador ACM, que disse ter ficado chocado com as imagens das torturas sofridas pelo prefeito Celso Daniel. Se ele e outros senadores quiserem saber o que é tortura, bastam cinco minutos de conversa com integrantes de famílias que tiveram parentes desaparecidos durante a ditadura", afirmou Santos.


Texto Anterior: Celso Daniel: Legista confirma tortura e comove senadores em CPI
Próximo Texto: "Mensalão"/O marqueteiro: Bastos ajuda CPI a marcar reunião em Nova York
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.