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CPI DOS BINGOS
Senador xinga mulher que o acusa de ter apoiado a ditadura
ACM se envolve em novo bate-boca
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Cinco dias após discutir publicamente em plenário com o senador Aloizio Mercadante (PT-SP),
o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) voltou a se envolver ontem em uma outra confusão tendo como mesmo assunto
principal o assassinato do prefeito
Celso Daniel (PT), de Santo André (Grande São Paulo), ocorrido
em janeiro de 2002.
Ao deixar a sala da CPI dos Bingos onde era ouvido o legista Paulo Vasques, segundo o qual Daniel
foi torturado antes de morrer, o
senador ACM, 78, foi abordado
pela desempregada Rosa Cimiana
dos Santos, 46.
"Você não tem moral para falar
em tortura porque você fez parte e
apoiou a ditadura [militar], responsável pela morte e tortura de
muitos brasileiros", disse Santos.
ACM, que disse ter sido empurrado por ela, exigiu respeito e a
chamou para conversar fora da
sala. Os seguranças intervieram,
afastando a mulher. "Venha conversar comigo aqui sua puta. Vem
aqui falar isso", disse o senador
pefelista, já fora da sala.
Quando percebeu que a discussão entre ACM e a desempregada
interferia na sessão, o presidente
da CPI Efraim Morais (PFL-PB)
pediu que os seguranças retirassem a mulher da sala.
Segundo a desempregada, que
mora em Brasília, o regime militar
(1964-1985) foi o responsável pela
tortura e morte de seu pai, Artur
Pereira da Silva, morto em 1982.
"Meu pai morreu em conseqüência das torturas sofridas durante a ditadura. O próprio governo já reconheceu o erro, pagando
para a nossa família uma indenização de R$ 109 mil", afirmou.
Segundo Santos, senadores que
apoiaram a ditadura não podem
ficar indignados com tortura.
"Fiquei espantada com a posição do senador ACM, que disse
ter ficado chocado com as imagens das torturas sofridas pelo
prefeito Celso Daniel. Se ele e outros senadores quiserem saber o
que é tortura, bastam cinco minutos de conversa com integrantes
de famílias que tiveram parentes
desaparecidos durante a ditadura", afirmou Santos.
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