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FÓRUM GLOBAL
Levantamento com 1.400 executivos aponta que a questão lidera as preocupações quando se fala do Brasil
Corrupção incomoda 79% dos empresários
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
A corrupção subiu ao topo da
lista de preocupação dos empresários no Brasil: 79% deles apontam-na ou como "um dos maiores desafios" para suas atividades
(47%) ou como "um desafio significativo" (os restantes 32%).
Os números surgiram em pesquisa mundial promovida pela
consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), divulgada ontem em
Davos (Suíça), para aproveitar a
concentração de homens de negócio e jornalistas que acompanham o encontro anual 2006 do
Fórum Econômico Mundial.
Foram ouvidos 1.400 empresários, 49 deles brasileiros, a maior
amostra das nove pesquisas feitas
pela PwC.
A inquietação com a corrupção
é comum aos empresários de países em desenvolvimento, ao contrário do que acontece com seus
colegas do mundo rico, que se
preocupam mais com o terrorismo.
Mas o presidente da Pricewaterhouse, Samuel DiPiazza Jr., disse à
Folha que "o maior nível de preocupação [com a corrupção] aparece no Brasil e na Rússia", ao menos entre os países que ganharam
o acrônimo Bric (Brasil, Rússia,
Índia e China). Estudo do banco
americano Goldman Sachs de
2003 dizia que esses quatro países
seriam potências mundiais em
2050.
Segundo motivo de inquietação
para os empresários dos países
em desenvolvimento: instabilidade política. A Folha quis saber se
os brasileiros, em um ano eleitoral
como 2006, tinham semelhante
inquietação, mas DiPiazza não
dispunha de elementos para responder.
Havia, sim, dados sobre outro
motivo de preocupação entre os
brasileiros ouvidos: o câmbio, citado por 42% deles.
Entre os empresários do mundo
em desenvolvimento em geral,
67% apontam corrupção como
problema principal ou, ao menos,
muito significativo. Nos países ricos, ao contrário, corrupção incomoda apenas 32%.
Como é natural, instabilidade
política preocupa 67% dos empresários nos países em desenvolvimento, mas apenas 49% entre
os do mundo rico.
A pesquisa confirma o relativo
ofuscamento do Brasil, entre os
Bric, já apontado ontem pela Folha -78% por cento dos CEOs
(executivos-chefes, na sigla em inglês) consultados apontam a China como "a mais significativa
oportunidade de mercado". Natural para um país com crescimento tão espetacular nos últimos 20 anos.
Logo a seguir, vem a Índia, a nova estrela da economia global:
64% dos empresários sentem-se
atraídos pelo país, ao passo que
apenas 46% vêem grandes oportunidades no Brasil. O país fica
atrás até da Rússia, preferida por
48%.
Ameaça chinesa
A China, como é igualmente natural, é vista como grande ameaça
no próprio mercado dos consultados para a maioria deles (52%).
A Índia vem a seguir, com 28%.
Mas o Brasil é a grande ameaça
para 50% dos empresários argentinos consultados, confirmando o
que os técnicos da PwC chamam
de "efeito vizinho imediato". Ou,
traduzindo: o peso e tamanho do
vizinho próximo podem incomodar mais que um gigante global
como é hoje a China, o que ajuda a
entender as constantes fricções
entre Brasil e Argentina.
A pesquisa mostra ainda, sempre segundo DiPiazza, que "cortar custos não é mais o único propósito da globalização". Agora,
trata-se acima de tudo de "encontrar e servir novos clientes em
mercados em crescimento ao redor do mundo", diz o presidente
da PwC,
Fecha assim: "As economias do
Brasil, Rússia, Índia e, naturalmente, China eram antes vistas
acima de tudo como fontes de
produção de baixo custo. Agora,
no entanto, apresentam substanciais oportunidades de crescimento tanto para as empresas
multinacionais como para as
companhias localmente baseadas, e ao mesmo tempo estão produzindo uma nova leva de sérios
competidores globais".
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