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JANIO DE FREITAS
À espera de ação
Para o governo Lula, o melhor é aceitar acomodações. Mas governadores não costumam achar que o melhor é se unir
AS PERDAS FINANCEIRAS dos Estados, que se fazem acompanhar de perdas dos municípios, previstas em várias das medidas do Programa de Aceleração
do Crescimento, precisam mesmo
da compensação reivindicada por
um grupo de governadores. Estados
e municípios -ou seja, seus habitantes- têm perdido muito com os
subsídios e as desonerações que
o governo federal concede desde
muito tempo, e o PAC leva a alguns
extremos.
Se, de certo modo, as reduções de
taxação podem estimular investimento e produção em determinados
setores, de outro oneram a população toda por muitas formas.
Uma delas está à mostra no crescente aumento de impostos, parte
dos quais recompõe arrecadações de
que os governos abrem mão, a título
de incentivo a empresas.
Outra é vista e sentida, na qualidade de vida cada vez mais lamentável
dos brasileiros em geral. Reduzida a
parcela da arrecadação federal
transferida aos Estados e municípios, ficam mais sacrificados os recursos públicos que podem beneficiar diretamente a população.
Menos grave, mas também importante, é a queixa de alguns governadores em relação aos projetos que
o PAC destina a seus Estados. Por
mais criteriosa que tenha sido, a escolha representa o ponto de vista federal. Governos e municípios não
foram consultados, e seus planos e
urgências podem ser diferentes e
também criteriosos.
É o caso, entre outros, do Espírito
Santo, onde Paulo Hartung realiza
um governo de muita qualidade,
com uma concepção clara para esse
Estado tão sacrificado, nas potencialidades imensas, pela timidez que
o deixou à mercê de explorações devastadoras, como as da Vale do Rio
Doce e da Aracruz. Hartung queixa-se, com razão, de que a premência
portuária do Espírito Santo, muito
importante para a economia do Estado, foi relegada na visão federal.
O maior problema nessas divergências, porém, não está no PAC.
Está nos governadores. Caso sobreponham a idéia de ação conjunta, de
que estão falando, às diferenças partidárias, seu êxito é certo em grande
medida. Para o governo Lula, o melhor é aceitar acomodações. Mas os
governadores não costumam achar,
de fato, que o melhor é se unir.
Lá e cá
Acusado de estupro e de outros
delitos sexuais, praticados desde
que era ministro do Turismo, o
presidente de Israel, Moshe Katsav, afasta-se do governo para responder na Justiça. E a provável
processo de impeachment.
Ariel Sharon, quando adoeceu,
ainda não se livrara plenamente,
apesar do uso do poder político, da
acusação de delito financeiro e eleitoral. Acusado no mesmo processo,
seu filho recebeu a primeira condenação.
O primeiro-ministro Ehud Olmert foi há pouco acusado de corrupção financeira.
Apesar desse esbanjamento de
impropriedades, o sistema institucional e o regime político em Israel
não estão abalados, nem a imprensa está em carnaval histérico, como
acontece, por muito menos, em
países nossos conhecidos.
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