São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

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JANIO DE FREITAS

À espera de ação

Para o governo Lula, o melhor é aceitar acomodações. Mas governadores não costumam achar que o melhor é se unir

AS PERDAS FINANCEIRAS dos Estados, que se fazem acompanhar de perdas dos municípios, previstas em várias das medidas do Programa de Aceleração do Crescimento, precisam mesmo da compensação reivindicada por um grupo de governadores. Estados e municípios -ou seja, seus habitantes- têm perdido muito com os subsídios e as desonerações que o governo federal concede desde muito tempo, e o PAC leva a alguns extremos.
Se, de certo modo, as reduções de taxação podem estimular investimento e produção em determinados setores, de outro oneram a população toda por muitas formas.
Uma delas está à mostra no crescente aumento de impostos, parte dos quais recompõe arrecadações de que os governos abrem mão, a título de incentivo a empresas.
Outra é vista e sentida, na qualidade de vida cada vez mais lamentável dos brasileiros em geral. Reduzida a parcela da arrecadação federal transferida aos Estados e municípios, ficam mais sacrificados os recursos públicos que podem beneficiar diretamente a população.
Menos grave, mas também importante, é a queixa de alguns governadores em relação aos projetos que o PAC destina a seus Estados. Por mais criteriosa que tenha sido, a escolha representa o ponto de vista federal. Governos e municípios não foram consultados, e seus planos e urgências podem ser diferentes e também criteriosos.
É o caso, entre outros, do Espírito Santo, onde Paulo Hartung realiza um governo de muita qualidade, com uma concepção clara para esse Estado tão sacrificado, nas potencialidades imensas, pela timidez que o deixou à mercê de explorações devastadoras, como as da Vale do Rio Doce e da Aracruz. Hartung queixa-se, com razão, de que a premência portuária do Espírito Santo, muito importante para a economia do Estado, foi relegada na visão federal.
O maior problema nessas divergências, porém, não está no PAC. Está nos governadores. Caso sobreponham a idéia de ação conjunta, de que estão falando, às diferenças partidárias, seu êxito é certo em grande medida. Para o governo Lula, o melhor é aceitar acomodações. Mas os governadores não costumam achar, de fato, que o melhor é se unir.

Lá e cá
Acusado de estupro e de outros delitos sexuais, praticados desde que era ministro do Turismo, o presidente de Israel, Moshe Katsav, afasta-se do governo para responder na Justiça. E a provável processo de impeachment.
Ariel Sharon, quando adoeceu, ainda não se livrara plenamente, apesar do uso do poder político, da acusação de delito financeiro e eleitoral. Acusado no mesmo processo, seu filho recebeu a primeira condenação.
O primeiro-ministro Ehud Olmert foi há pouco acusado de corrupção financeira.
Apesar desse esbanjamento de impropriedades, o sistema institucional e o regime político em Israel não estão abalados, nem a imprensa está em carnaval histérico, como acontece, por muito menos, em países nossos conhecidos.


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