São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

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Autor de livro sobre Dirceu, Fernando Morais diz que originais foram furtados

MATHEUS PICHONELLI
DA REDAÇÃO

Com aproximadamente 300 páginas e já em fase de edição, o relato sobre a passagem do ex-deputado José Dirceu, 60, pelo Palácio do Planalto, que era escrito em parceria com o jornalista Fernando Morais, 60, não chegará às livrarias.
O autor informou que os originais, contidos em seu computador, foram furtados de sua casa de praia no Guarujá (SP) e que, por esse motivo, o projeto "acabou".
O incidente só veio à tona agora, meses após a ação dos criminosos, cuja data nem a polícia nem Morais souberam precisar. "Deve ter sido em fevereiro ou março do ano passado", contou o escritor.
A história do furto foi confirmada, por e-mail, pelo ex-ministro, que não quis falar sobre o assunto. Segundo Morais, além do computador, foram furtados uma caixa de charutos e um taco de beisebol autografado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Dias depois, os objetos foram encontrados num terreno na praia da Enseada, segundo a polícia -mas, no computador, havia sido retirada a memória da máquina.
"Alguma coisa consegui salvar, porque estava guardada em cartuchos de filmes que gravamos em Cuba, mas os depoimentos estavam gravados lá", disse Morais.
O investigador da Polícia Civil do Guarujá Paulo Carvalhal, 40, que disse ter trabalhado na ação, relatou que um suspeito chegou a ser detido.
Em um primeiro contato, Morais afirmou não possuir cópia do material, ao qual nem mesmo Dirceu tivera acesso. Dias depois, em entrevista ao jornal "Correio Braziliense", disse que o ex-deputado estava "com os originais para publicar quando quiser".
À Folha Morais explicou que o ex-ministro tinha em mãos um material bruto, não o editado -e que este estava apenas no computador. "[Quando Dirceu soube] Teve uma reação de espanto. Se aparecer, eu devolvo e ele decide se publica", disse Morais.
O livro, que seria intitulado "Trinta Meses", começou a ser idealizado logo após o petista ter os direitos políticos cassados pelo plenário da Câmara, em novembro de 2005. Hoje Dirceu, chamado de "homem forte" do presidente Lula até ter o nome envolvido nos escândalos Waldomiro Diniz e do mensalão -que resultaram em seu afastamento, em junho de 2005- tenta reaver seus direitos políticos, cassados até 2015, no STF e via anistia pela Câmara.
Dirceu dizia que o livro não seria "chapa branca", embora mantivesse antiga amizade com o autor que, durante o processo de sua cassação na Câmara, promoveu eventos com intelectuais em solidariedade ao amigo e, em setembro de 2005, depôs no Conselho de Ética como testemunha de defesa do petista.
O relato, que deveria expor "as limitações e erros do governo", deixou alguns quadros do Planalto preocupados com o eventual teor da obra. Segundo o escritor, Dirceu já negociava com uma editoria -cujo nome Morais disse desconhecer.
Morais afirmou que, durante a empreitada, recolheu material para escrever, um dia, a biografia de José Dirceu. Ele garante, entretanto, que este projeto é ainda a longo prazo e que, por enquanto, vai se dedicar apenas à biografia que escreve sobre outro amigo, o escritor Paulo Coelho.


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