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Dirceu diz a juíza que desconhecia mensalão
DA REDAÇÃO
O ex-ministro da Casa Civil
José Dirceu reiterou ontem
que não tinha nenhum conhecimento do esquema do mensalão e que, portanto, não poderia ter conversado sobre o assunto com o presidente Lula.
Deputado cassado, Dirceu
repetiu sua defesa apresentada
em outros depoimentos ao ser
interrogado na 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo no
processo penal do mensalão,
que tramita no STF. Ele é réu
pelos crimes de formação de
quadrilha e corrupção ativa.
Segundo relatos, a juíza Sílvia
Maria Rocha perguntou diversas vezes, de formas variadas,
sobre possíveis conversas com
Lula acerca do mensalão, já que
ele era o ministro da Casa Civil.
Segundo o advogado de Dirceu, José Luís Oliveira Lima, a
juíza encadeou uma série de
questões sobre as funções dos
ministros, as funções do titular
da Casa Civil e a articulação política feita pelo Executivo.
Em sua defesa, o ex-ministro
afirmou que não poderia ter tomado conhecimento de atividades partidárias já que estava
bastante ocupado com as atribuições de sua pasta.
Segundo relatos, Dirceu não
demonstrou nervosismo e respondeu a todas as questões feitas na sessão com tranqüilidade. Segundo o advogado de Dirceu, o nome do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB),
principal acusador do ex-ministro, foi pouco citado.
No entanto, um incidente
durante a sessão envolveu os
advogados das duas partes. Segundo Oliveira Lima, a defesa
de Jefferson, que estava presente, gravou o áudio do interrogatório de Dirceu.
Informado do fato, Oliveira
Lima disse ter falado sobre o fato com a juíza. A juíza, então,
ordenou que a fita fosse apagada. "Isso é uma arbitrariedade",
disse Luiz Francisco Barbosa,
que defende Jefferson. Segundo ele, por se tratar de uma
ação penal pública, os interrogatórios deveriam ser abertos.
Porém, o defensor de Dirceu
alegou que, como os autos contêm dados sigilosos -incluindo
informações financeiras-, a
juíza pode ordenar que a sessão
não seja pública, o que ocorreu.
Dirceu ainda respondeu a
questões sobre conversas com
Jefferson, ao que negou terem
alguma vez falado sobre repasse de recursos. O ex-ministro,
que depôs por cerca de duas horas, não quis falar com a imprensa na saída. Seu advogado
disse que ele rebateu "pontualmente todas as acusações":
"Ele define isso [a denúncia]
como uma peça de ficção."
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