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RIO
Irônico, presidente do PDT diz que está se consultando com "o Jó da Bíblia' e que o governador é um "menudo'
Aumenta cisão entre Brizola e Garotinho
LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio
O presidente nacional do PDT,
Leonel Brizola, e o governador do
Rio, Anthony Garotinho (PDT),
não falam mais a mesma língua.
Assessores de Brizola classificam
como "péssimas" as relações dos
dois. Ambos se esforçam para evitar confrontos em público, mas,
dentro do partido, a distância entre ambos é cada vez maior.
Brizola ironiza os problemas de
relacionamento e diz que está se
consultando com Jó. "O da Bíblia",
brinca, referindo-se ao personagem famoso pela paciência.
O presidente do PDT diz ver os
primeiros passos de Garotinho
com benevolência, mas também
com desconfiança. E se queixa da
falta de consulta ao partido sobre
formação do governo e decisões
consideradas importantes.
²
Itamar Franco
Brizola não gostou de Garotinho
ter criticado a opção do governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), pela moratória. Afirmou isso publicamente, mas evitou condená-lo por não ter seguido o mesmo caminho -ele reconhece que um presidente de partido não tem os mesmos comprometimentos institucionais de um
governador.
Segundo Brizola, os problemas
começaram com a indicação para
secretário de Justiça de Sérgio
Zveiter, um desafeto de dirigentes
pedetistas -entre outras coisas
por ter defendido a intervenção federal no Rio em 1994, no final do
governo Nilo Batista (PDT).
Uma tentativa de aparar as arestas aumentou o desconforto. Carlos Lupi -que substituiu Brizola
na presidência nacional do PDT
durante a campanha no ano passado- deu até entrevista como novo
secretário de Transportes. Mas Garotinho voltou atrás, e a secretaria
foi para o PT, causando mais irritação na cúpula pedetista.
O governador tentou apagar o
fogo convidando Lupi para secretário de Gabinete Civil, cargo que
já prometera ao advogado Jonas
Carvalho, seu braço-direito e tesoureiro de campanha.
No dia 5, o "Diário Oficial" trouxe a nomeação de Lupi para chefe
de Gabinete de Garotinho -cargo
com status de secretário inventado
pelo governador com, teoricamente, sobreposição de função com o
posto de Carvalho.
A nomeação saiu sem que Lupi
fosse previamente avisado. Ele recusou a indicação, aumentando o
constrangimento. Garotinho até
agora não revogou a decisão e a
criação do cargo.
O governador explica que não
tem tido tempo para conversar
com "o doutor Leonel Brizola".
Muitos dirigentes do PDT apostam que sua saída do partido é
uma questão de tempo. Vários políticos fora do partido acham o
mesmo. O ex-governador Marcello Alencar (PSDB) -que frequentava as hostes brizolistas- é um.
Por causa do extenso histórico de
deserções do PDT -entre os quais
Jaime Lerner (PFL), Francisco
Rossi (sem partido), Cesar Maia
(PFL), Dante de Oliveira (PSDB) e
Saturnino Braga (PSB)-, Brizola
se diz acautelado. "Estou procurando uma benzedeira", brinca.
Ironicamente, ele afirma dar um
crédito a Garotinho, 38, por ele ser
muito jovem. "Um menudo", nas
palavras do ex-governador, comparando Garotinho aos integrantes do conjunto porto-riquenho
que fez sucesso nos anos 80. Será
que Brizola sabe que os rapazotes
do grupo seguiram carreira solo?
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