São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 2005

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COMBUSTÍVEL VERDE

Presidente inaugurou primeira usina que comercializará a substância; produção usa girassol e nabo forrageiro

Biodiesel evitará guerra por petróleo, diz Lula

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CÁSSIA (MG)

O governo brasileiro deu ontem a largada do programa nacional do biodiesel, tratado como "prioridade" pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ser "estratégico" para o país.
O entusiasmo de Lula com o programa é tamanho que, em discurso, ele disse que, além da importância econômica e social, o programa terá caráter pacifista, porque evitará guerras que tenham o petróleo como motivo.
O governo homologou em Cássia (MG) a usina Sayminas Biodiesel (Grupo Biobras) como a primeira a comercializar o combustível, produzido a partir de girassol e nabo forrageiro.
Enquanto Lula fazia a homologação no sudoeste de Minas, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), abastecia na capital mineira, em um posto de bandeira ALE, o primeiro veículo movido a diesel com a mistura de biodiesel -o presidente acompanhou via satélite.
O programa brasileiro de biodiesel, denominado "Plantando Combustível", foi definido por Lula como a inauguração "de uma nova matriz energética" brasileira com ganhos não apenas econômicos mas também sociais, já que o programa está, inicialmente, todo sustentado na produção das oleaginosas por pequenos agricultores, muitos das regiões mais pobres do país.
E Lula foi além, pegando carona no discurso do ministro Roberto Rodrigues (Agricultura), que falara pouco antes do presidente.
"Estamos dando um sinal ao mundo de que, em um futuro bem próximo, o petróleo não será motivo para que haja guerra no mundo ou para que um país consumidor não invada um país produtor", disse ele, remetendo à lembrança da invasão do Iraque pelos Estados Unidos -embora o governo norte-americano nunca tenha admitido que seria esse o motivo do conflito.

Batismo de fogo
Lula disse ser "muita responsabilidade fazer com que o programa tenha a dimensão" desejada. Classificou o dia de ontem como o do "batismo de fogo".
Citou o programa brasileiro do álcool do passado para dizer que "aprendemos como lição e vamos começar a corrigir os erros", desde já, com o novo programa. Ainda sobre o álcool, afirmou que o governo trata essa questão "com seriedade" e que a prova é que a indústria automotiva voltou a produzir carros movidos a álcool.
O presidente, que disse ser otimista a ponto de imaginar que, daqui a alguns anos, todos os veículos no Brasil serão movidos a biodiesel, afirmou que este "não é um programa do governo Lula, é um programa de uma nação chamada Brasil", e que, daqui a dez anos, "seja quem for o presidente", haverá essa confirmação.

Comercialização
Inicialmente, o Brasil comercializará a mistura na proporção de 2% de biodiesel para cada litro de óleo diesel. Isso vai representar uma economia anual de US$ 425 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) com o menor consumo de diesel mineral, segundo a ministra Dilma Roussef (Minas e Energia).
Até 2007, a mistura será opcional. Com o incremento do programa, a meta do governo é ampliá-la para 5% a partir de 2008, percentual que, segundo Roussef, passará a ser obrigatório no país, como ocorre hoje com a mistura de álcool anidro na gasolina.
As pesquisas com o biodiesel indicaram que o produto não altera o desempenho dos veículos movidos a diesel e não acarreta dano aos seus motores.


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