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Oposição quer
pedir punição
da deputada
CYNTHIA GARDA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dança da deputada Angela
Guadagnin (PT-SP) no plenário
da Câmara mobilizou cinco partidos, que se reúnem na próxima
terça-feira para cobrar uma atitude do presidente da casa, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Guadagnin chocou eleitores ao
comemorar com passos de dança
e sorrisos a absolvição do deputado João Magno (PT-MG), acusado de receber dinheiro do valerioduto, na noite da última quarta.
PFL, PSDB, PV, PPS, PSOL querem fechar uma posição comum
sobre o gesto da deputada. "Chegamos ao fundo do poço", disse o
líder do PFL na Câmara, Rodrigo
Maia (RJ), que falou com Jutahy
Júnior (PSDB-BA) e com Fernando Gabeira (PV-RJ): "Foi das piores imagens que já vi no Parlamento, se não foi a pior. Estamos
no limite do nosso desgaste".
"Vamos exigir uma resposta
com relação a esse ultraje da deputada", disse Gabeira: "O enredo
é repugnante, e a coreografia foi
grotesca". Segundo assessores de
parlamentares, os e-mails da Câmara ficaram lotados de mensagens de repúdio de eleitores. "O
melhor que ela faz é arrumar um
emprego de dançarina do ventre", disse o deputado Alberto
Goldman (PSDB-SP), referindo-se ao futuro político da deputada.
"Foi um escárnio, fiquei envergonhado", disse o vice-líder dos
tucanos na Câmara, deputado
Bismarck Maia (CE). Ele considera a dança um "deboche".
Entre os parlamentares, a "dança da pizza" já é parte do debate
sobre as próximas cassações. "Essa repercussão toda obviamente é
muito ruim", disse Josias Gomes
(PT-BA), acusado de envolvimento no "mensalão". Na próxima semana, Gabeira vai propor
que os partidos discutam uma estratégia para a cassação do deputado João Paulo Cunha (PT-SP):
"Queremos fechar uma tática para evitar a vitória de João Paulo".
A defesa do voto aberto nos
processos de cassação ganhou
força depois dos "passinhos infelizes", maneira como o deputado
Chico Alencar (PSOL-RJ) se referiu à dança. A Frente Parlamentar
contra o Voto Secreto promete
entregar a Aldo na próxima semana milhares de assinaturas pedindo votações abertas na Câmara.
"Todo mundo perdeu a vergonha, ninguém fica mais constrangido com sua própria postura",
disse a deputada Maninha
(PSOL-DF). Ela acha, porém, que
a repercussão é maior por se tratar de uma deputada. "Se a Angela
fosse homem e esse homem tivesse ensaiado passos no plenário, o
caso teria outra dimensão", disse.
Para o presidente do Conselho
de Ética, deputado Ricardo Izar
(PTB-SP), a dança não foi um deboche, mas sim uma forma de comemorar a absolvição de um
amigo: "Ela lutou muito por ele".
Em São Paulo, o prefeito José
Serra (PSDB) criticou a deputada:
"É um episódio que pode parecer
engraçado, mas eu fiquei até triste
de ver aquilo, já que estive por 16
anos no Congresso": "Estão comemorando a impunidade".
O governador Geraldo Alckmin
classificou a dança de um "deboche contra a sociedade": "É lamentável o que temos visto no
país nos últimos tempos".
Colaboraram a Sucursal de Brasília e a
Reportagem Local
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