São Paulo, domingo, 25 de março de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Foi dada a largada

Com Marta Suplicy instalada na Esplanada dos Ministérios, petistas e aliados começam a se movimentar para a eleição paulistana do ano que vem. Dado seu peso na capital, é consenso que a ex-prefeita será pressionada a concorrer, mas quase todos apostam que, se a vitrine do Turismo lhe oferecer as condições, ela tenderá a esperar por um vôo mais alto em 2010.
Caso Marta fique fora da cédula em 2008, Arlindo Chinaglia desponta como o mais viável plano B do PT. Curiosamente, esse cenário poderia reproduzir a recente disputa pela presidência da Câmara, pois o "bloquinho" formado por PSB, PDT e PC do B ensaia lançar Aldo Rebelo se Marta estiver fora de cena.

Estraga-prazer. Também fatores externos devem pesar na decisão de Marta. A eventual candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), fresco da eleição presidencial e historicamente bem votado na cidade, ajudaria a desestimulá-la a concorrer, dizem aliados. Assim como Alckmin, para quem uma segunda derrota consecutiva seria desastrosa, prefere disputar sem a sombra de Marta a ameaçá-lo.

Ou você, ou eu. Quanto a 2010, há quem enxergue um entendimento tácito entre Marta e José Serra: se ele sair para presidente, ela sai para governadora; se ele buscar a reeleição, ela tenta o Planalto.

Sob protesto. O plácido Luiz Dulci, secretário-geral da Presidência, esperneou a valer antes de se resignar com a transferência da Secom -e com ela o controle das verbas de publicidade- para o guarda-chuva de Franklin Martins, futuro ministro da área de comunicação do governo.

Tenho dito. Em uma das conversas que teve no Planalto para definir suas atribuições, Martins chegou a dizer que havia sido chamado para trabalhar, não para brigar.

Estado crítico. A relação entre as ministras Dilma Rousseff (Casa Civil) e Marina Silva (Meio Ambiente) não tem mais como piorar.

Garfada. Segundo cálculo concluído na sexta-feira pela assessoria técnica da bancada do PSDB, a revisão do Produto Interno Bruto para cima, recém-anunciada pelo IBGE, implica em um déficit de R$ 4 bilhões nos recursos destinados pelo governo à saúde, constitucionalmente vinculados à variação nominal do PIB. Os tucanos vão abrir a semana martelando essa tecla na tribuna da Câmara.

Pato laqueado. A agenda do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), à qual um colega curioso teve acesso, registra para a próxima quarta-feira um jantar em companhia de Fernando Collor (PTB-AL) e do jornalista Cláudio Humberto, que foi porta-voz no governo do ex-presidente.

Elástico. Comentário da líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), diante da abundância de pedidos de colegas do PFL e do PSDB para a inclusão de obras do PAC em suas bases eleitorais: "Os oposicionistas defendem o Estado mínimo, desde que ele seja máximo em seus Estados".

Soletrando. E segue a novela para rebatizar o PFL. Em resposta a consulta informal dos dirigentes, Marco Aurélio Mello opinou que a denominação "Democratas", que o partido pretende adotar, soa estranha. O presidente do TSE aconselhou-os a optar pela fórmula abreviada DEM.

De mudança 1. Arlindo Chinaglia (PT-SP) planeja tirar da gaveta um antigo projeto que transfere o gabinete da presidência da Câmara para o espaço onde hoje funciona o comitê de imprensa. Em seu atual e amplo gabinete passaria a funcionar a Corregedoria, agora a cargo do deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), que há mais de uma década não sai da Mesa Diretora.

De mudança 2. Argumenta-se que assim seria recuperado o projeto original de Oscar Niemeyer. Mas governistas apontam uma outra vantagem: com a transferência de seu gabinete, Chinaglia terá acesso exclusivo ao plenário. Ficará dispensado de cruzar o Salão Verde, onde os jornalistas o abordam.

Tiroteio

Talvez a convivência com Marcos Valério tenha feito o bom Virgílio Guimarães considerar que o ilícito é apenas desagradável.


Do deputado CHICO ALENCAR (PSOL-RJ) sobre seu colega petista que defendeu que uma parte da verba de gabinete não precise mais ser justificada, sob o argumento de que seria "desagradável" aumentar valores em notas fiscais para pedir reembolso.

Contraponto

A bela e a fera

Líder do chamado "bloquinho", Márcio França (PSB-SP) teve sérias dificuldades para encaixar os 78 deputados sob seu comando como titulares ou suplentes nas comissões permanentes da Câmara. Todo dia era abordado por insatisfeitos. Uldurico Pinto (PMN-BA), um dos mais insistentes, pleiteava vaga de suplente na Comissão de Educação.
Na quarta vez em que foi procurado pelo deputado, França achou por bem desfazer suas ilusões:
-Meu amigo, se até a Manuela D'Ávila (PC do B-RS) está na fila, o que você acha que eu vou poder fazer por você?


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