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Datafolha aponta que atuação do Congresso decepciona eleitores
Em dezembro, 43% apostavam em bom desempenho, mas hoje apenas 16% afirmam que parlamentares estão indo bem
Outros 30% avaliam que Legislativo tem atuação ruim ou péssima, enquanto 14% tinham expectativa negativa antes da posse
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Despencou a avaliação dos
novos congressistas que tomaram posse em 1º de fevereiro
passado, segundo o Datafolha.
Em dezembro, antes de os novos deputados e senadores tomarem posse, 43% acreditavam que eles teriam um ótimo
desempenho. Agora, com eles
já trabalhando em Brasília, a
avaliação caiu para 16%.
Antes do início da legislatura
atual, os eleitores estavam esperançosos. Só 14% apostavam
em um Congresso ruim ou péssimo. O percentual agora é de
expressivos 30%.
Os 32% para os quais o Congresso teria desempenho regular se transformaram em 46%.
Esses dados foram captados
pelo Datafolha em pesquisa nacional nos dias 19 e 20 deste
mês. A margem de erro é de
dois pontos percentuais. A pesquisa de 2006 foi realizada em
13 de dezembro passado.
Alguns fatos contribuíram
para a deterioração da imagem
dos deputados e dos senadores.
Desde o ano passado, o aumento de salários dos congressistas
toma conta das discussões dentro do Poder Legislativo.
No final do ano passado, foi
abortada uma tentativa de elevar os subsídios mensais em
mais de 90%. Agora, o assunto
voltou à tona com um disfarce:
querem um reajuste menor,
mas também uma verba mensal extra para ser gasta sem
comprovação com conta fiscal.
Esse episódio da verba extra
ocorreu na quinta e não foi captado pela pesquisa Datafolha.
Seria um fator a mais para dilapidar a imagem do Congresso.
CPI do Apagão Aéreo
Um fato negativo inteiramente observado pelos entrevistados foi a manobra de deputados governistas para engavetar na Câmara a CPI do Apagão
aéreo. Houve cenas de quase
agressão física nos telejornais
na semana passada, quando o
Datafolha estava em campo.
No geral, entretanto, a imagem do atual Congresso ainda
não atingiu os níveis críticos do
período dos grandes escândalos recentes, como o do mensalão e dos sanguessugas.
Em agosto de 2005, no auge
da crise do mensalão, 48% dos
pesquisados disseram que o desempenho do Congresso era
ruim ou péssimo, 18 pontos acima dos atuais 30%.
Quando se estratifica a pesquisa, fica claro que o maior
bolsão de resistência aos congressistas está no grupo de
maior escolaridade e renda.
Entre os que têm curso superior, 44% acham o desemprenho dos parlamentares ruim ou
péssimo. Para os que ganham
mais de dez salários mínimos, a
situação é pior: 51% escolhem a
resposta ruim ou péssimo para
avaliar o Congresso.
Confrontado com os números ruins nesse seu início de
gestão, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP),
disse que o levantamento "é
uma orientação para todos os
congresistas trabalharem mais,
procurando dar encaminhamento a temas de interesse nacional e deixar os assuntos corporativos para segundo plano".
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