São Paulo, domingo, 25 de março de 2007

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Datafolha aponta que atuação do Congresso decepciona eleitores

Em dezembro, 43% apostavam em bom desempenho, mas hoje apenas 16% afirmam que parlamentares estão indo bem

Outros 30% avaliam que Legislativo tem atuação ruim ou péssima, enquanto 14% tinham expectativa negativa antes da posse

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Despencou a avaliação dos novos congressistas que tomaram posse em 1º de fevereiro passado, segundo o Datafolha. Em dezembro, antes de os novos deputados e senadores tomarem posse, 43% acreditavam que eles teriam um ótimo desempenho. Agora, com eles já trabalhando em Brasília, a avaliação caiu para 16%.
Antes do início da legislatura atual, os eleitores estavam esperançosos. Só 14% apostavam em um Congresso ruim ou péssimo. O percentual agora é de expressivos 30%.
Os 32% para os quais o Congresso teria desempenho regular se transformaram em 46%. Esses dados foram captados pelo Datafolha em pesquisa nacional nos dias 19 e 20 deste mês. A margem de erro é de dois pontos percentuais. A pesquisa de 2006 foi realizada em 13 de dezembro passado.
Alguns fatos contribuíram para a deterioração da imagem dos deputados e dos senadores. Desde o ano passado, o aumento de salários dos congressistas toma conta das discussões dentro do Poder Legislativo.
No final do ano passado, foi abortada uma tentativa de elevar os subsídios mensais em mais de 90%. Agora, o assunto voltou à tona com um disfarce: querem um reajuste menor, mas também uma verba mensal extra para ser gasta sem comprovação com conta fiscal.
Esse episódio da verba extra ocorreu na quinta e não foi captado pela pesquisa Datafolha. Seria um fator a mais para dilapidar a imagem do Congresso.

CPI do Apagão Aéreo
Um fato negativo inteiramente observado pelos entrevistados foi a manobra de deputados governistas para engavetar na Câmara a CPI do Apagão aéreo. Houve cenas de quase agressão física nos telejornais na semana passada, quando o Datafolha estava em campo.
No geral, entretanto, a imagem do atual Congresso ainda não atingiu os níveis críticos do período dos grandes escândalos recentes, como o do mensalão e dos sanguessugas.
Em agosto de 2005, no auge da crise do mensalão, 48% dos pesquisados disseram que o desempenho do Congresso era ruim ou péssimo, 18 pontos acima dos atuais 30%.
Quando se estratifica a pesquisa, fica claro que o maior bolsão de resistência aos congressistas está no grupo de maior escolaridade e renda. Entre os que têm curso superior, 44% acham o desemprenho dos parlamentares ruim ou péssimo. Para os que ganham mais de dez salários mínimos, a situação é pior: 51% escolhem a resposta ruim ou péssimo para avaliar o Congresso.
Confrontado com os números ruins nesse seu início de gestão, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que o levantamento "é uma orientação para todos os congresistas trabalharem mais, procurando dar encaminhamento a temas de interesse nacional e deixar os assuntos corporativos para segundo plano".


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