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Receita autua envolvidos em escândalos
Órgão cobra R$ 268 milhões de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no escândalo Waldomiro Diniz e no mensalão
Entre os autuados estão Rogério Buratti, Valdemar Costa Neto, Delúbio Soares e as empresas Guaranhuns e MM Consultoria Jurídica
ANDRÉA MICHAEL
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Receita Federal começou a
cobrar R$ 268 milhões de pessoas físicas e jurídicas envolvidas nos dois maiores escândalos do governo Lula: o caso
Waldomiro Diniz e o mensalão.
Entre pessoas físicas que receberam as maiores autuações
até agora estão Rogério Buratti
(R$ 4 milhões) e o presidente
do então PL (hoje PR), Valdemar Costa Neto (R$ 400 mil).
Amigo do ex-ministro da Fazenda e hoje deputado Antonio
Palocci (PT-SP), Buratti é investigado sob a acusação de ter
intermediado, em 2003, a renovação de um contrato de cerca de R$ 700 milhões da Caixa
Econômica Federal com a multinacional GTech para o gerenciamento do sistema de loterias
do país. Outro intermediário
teria sido Waldomiro Diniz, na
ocasião subchefe de Assuntos
Parlamentares da Casa Civil.
Ele foi acusado por diretores da
GTech de tentar extorquir a
empresa, o que negou.
Costa Neto é acusado de ter
sido elo entre o PL e o esquema
de pagamento de mesada a congressistas da base aliada. Em
2005, renunciou ao mandato
de deputado para fugir da cassação. Foi reeleito, já pelo PR.
O valor das autuações é a soma de impostos devidos ou sonegados, além de multa e correção monetária apurados em 46
ações fiscais já concluídas.
Há outras 58 ações fiscais em
curso pelas mesmas razões. O
montante cobrado pode ser
questionado pelos devedores
com recurso administrativo.
Entre as pessoas jurídicas, a
campeã de débitos é a Guaranhuns (R$ 51 milhões), seguida
pela MM Consultoria Jurídica
(R$ 49,5 milhões). Entre outubro de 2002 e junho de 2003, a
MM recebeu da GTech R$ 5,09
milhões. A empresa tem entre
seus sócios o advogado Marcelo
Coelho de Aguiar, que foi assessor da Secom.
Ministério Público e PF investigam a possibilidade de a
MM ter sido utilizada pela
GTech para esquentar, na sua
contabilidade, o pagamento de
propina a petistas em meio às
negociações para renovação do
contrato com a Caixa. Quanto à
Guaranhuns, trata-se de empresa de fachada, com sede em
SP, usada para repassar R$ 10,8
milhões para políticos do PL.
O valor consta de lista que o
empresário Marcos Valério
Fernandes de Souza, suposto
operador do mensalão, entregou a Antonio Fernando Souza,
procurador-geral da República.
Parte do dinheiro foi repassada diretamente a Costa Neto.
Ele está entre as 40 pessoas denunciadas pelo procurador-geral ao Supremo Tribunal Federal sob a acusação de praticar os
crimes de quadrilha, corrupção
passiva e lavagem de dinheiro.
A Receita emitiu fatura também contra o ex-tesoureiro do
PT Delúbio Soares (R$ 12 mil) e
o ex-secretário-geral da sigla
Silvio Pereira (R$ 150 mil).
Ambos foram denunciados
pelo procurador-geral ao STF.
Na semana passada, o Supremo fez o que Antonio Fernando
havia pedido em meados de
2006: retirou do conjunto de
documentos que compõem o
mensalão os papéis relacionados à 40 pessoas já denunciadas. O restante passará a tramitar como inquérito independente, na segunda fase do caso.
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