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PM prende 4 em protesto contra Serra
Grevistas de sindicato de professores de São Paulo fizeram "apitaço" durante evento com a presença do governador
Policiais dizem ter alertado
professores de que não pode haver barulho em hospital; tucano não comenta ato, e
deputado vê ação eleitoral
Michel Filho/Agência O Globo
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Professores e policiais militares em confronto durante ato de protesto contra o governador José Serra, que estava em palanque a cerca de 50 metros do tumulto
BRENO COSTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A uma semana de deixar o
Palácio dos Bandeirantes, o governador José Serra (PSDB),
pré-candidato tucano à Presidência, foi alvo ontem de nova
manifestação de professores da
rede estadual, em greve há 18
dias. Desta vez o protesto terminou em confronto com a Polícia Militar, e quatro professores foram detidos.
O embate ocorreu em Franco
da Rocha, durante a cerimônia
de inauguração das novas instalações de um centro de atenção à saúde mental do governo
do Estado. Os manifestantes
estavam a cerca de 50 metros
do palanque em que Serra acabara de subir e onde se preparava para discursar.
O governador, que deixará o
cargo na próxima quarta-feira,
vem realizando uma série de
inaugurações nas últimas semanas. Houve protestos na semana passada em eventos na
capital e no interior. Serra acusa os manifestantes de agirem
com objetivo político e chegou
a chamar os protestos de "trololó" na semana passada.
O Apeoesp (Sindicato dos
Professores do Ensino Oficial
de São Paulo), que vem organizando as manifestações, é filiada à CUT (Central Única dos
Trabalhadores) e alinhada ao
PT.
Quando Serra subiu ao palanque, um grupo de cerca de
30 manifestantes pegou apitos,
faixas e cartazes para protestar.
Imediatamente, um contingente de pouco mais de 20 policiais militares, três deles com
escudos, começou a tentar calar a manifestação.
Segundo o comandante do
26º Batalhão de Polícia Militar,
tenente-coronel José Carlos de
Campos Júnior, a ação policial
ocorreu porque os manifestantes insistiram em fazer um apitaço mesmo depois de a polícia
ter avisado que não seria tolerado barulho, por se tratar de
uma área hospitalar. A nova
unidade fica no mesmo terreno
do prédio que já atende pacientes, embora separada.
Na confusão, depois de uso
de spray de pimenta e cassetetes, quatro homens foram detidos. Um deles chegou a ser algemado. À Folha, todos disseram ser professores, informação confirmada pela polícia.
Serra viu a confusão de frente, sentado no palanque. Em
seu discurso, que por vezes era
abafado por palavras de ordem
vindas dos manifestantes, que
o chamavam de "picareta" e
"vendido", não fez qualquer referência ao protesto dos professores grevistas.
Depois, em rápida entrevista,
não respondeu a uma pergunta
da Folha a respeito da manifestação. Apenas balançou a cabeça para os lados, como quem
não quer falar, e saiu.
O deputado federal José Aníbal (PSDB-SP), também presente ao evento, considerou
natural a atitude do governador ao ignorar o protesto.
"O que você quer que ele faça? Que vá até lá e converse
com as pessoas? O que eles
querem é gritar", disse Aníbal.
Para o deputado, a proximidade da saída de Serra para disputar a eleição deixa os sindicalistas "mais excitados". "É da luta
política. Agora, tem limite."
Segundo a diretora do
Apeoesp em Franco da Rocha,
Mara Cristina de Almeida, os
professores ficaram sabendo
na tarde de anteontem, extraoficialmente, que o governador
estaria presente no evento.
Como o mesmo grupo já estava visado desde a semana
passada, por conta de manifestação em Francisco Morato,
município vizinho, quando um
ovo foi arremessado contra o
carro de Serra, os sindicalistas
entraram na inauguração em
pequenos grupos, sem nada
que indicasse aos policiais, que
montaram duas barreiras, que
tratava-se de professores.
Uma assembleia de professores está marcada para amanhã,
no Palácio dos Bandeirantes.
Serra não deve estar presente,
pois vai participar do encerramento do 54º Congresso Estadual de Municípios, em Serra
Negra (150 km da capital).
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