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Juiz diz temer influência de facção criminosa na eleição
Voto de preso não está imune à pressão do crime organizado, afirma desembargador
Detentos provisórios e
adolescentes infratores
votarão em urnas que serão
instaladas em presídios e
unidades de internação
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A possível interferência de
facções criminosas na decisão
do voto dos presos é um temor
compartilhado por diretores de
penitenciárias e juízes, que
acreditam ser quase impossível
garantir a tranquilidade eleitoral atrás das grades.
"O nosso temor é o voto dentro da cadeia. Todo mundo sabe
que o dia a dia da maioria das
cadeias é controlado pelo crime
organizado. Nesse cenário, não
dá para imaginar que o voto do
preso esteja imune a esse tipo
de pressão, que é brutal", afirma o desembargador Edison
Brandão, diretor da Associação
Paulista de Magistrados.
"A interferência de facções
criminosas é possível de acontecer", diz o juiz Alberto Anderson Filho, do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, responsável pela condenação de chefes da facção criminosa PCC.
Dois diretores de presídio,
que participaram ontem de seminário promovido pela Justiça Eleitoral paulista sobre o voto do preso, apontaram a pressão de grupos criminosos como
uma real fonte de preocupação.
Impedidos de dar entrevista,
eles pediram anonimato.
Para eles, só o voto dos presos não elege uma bancada do
crime, mas existe a preocupação de as facções aumentarem a
pressão sobre os detentos e familiares. Ele dizem ainda temer possíveis rebeliões e a dificuldade em garantir a integridade física de mesários e de fiscais e a segurança da urna.
O voto do preso provisório
(sem sentença condenatória
definitiva) e do adolescente infrator foi regulado pelo Tribunal Superior Eleitoral que, no
último dia 2, aprovou resolução
determinando a instalação de
seções eleitorais em unidades
de internação e em presídios.
Segundo o Ministério da Justiça, dos 473 mil presos do país,
152 mil são provisórios. Só no
Estado São Paulo, são cerca de
52,5 mil provisórios e 5.500
menores infratores.
No seminário de ontem, a
Justiça informou que, no dia da
eleição, todo o efetivo da PM já
estará comprometido com a segurança das urnas tradicionais
e que as urnas de presídios deverão ser protegidas por agentes extras, ainda a ser definidos.
Informou ainda que o preso
ou o adolescente interessado
em votar deverá preencher
uma ficha até 7 de abril. A Justiça Eleitoral terá ainda de providenciar a transferência de domicílio eleitoral dos detentos
que optarem por votar.
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