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PERSONAGEM
Ele militava no grupo de esquerda VPR
Reichstul foi preso e torturado em 70
LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio
O novo presidente da Petrobrás, o economista Henri Philippe Reichstul, 49, foi preso e
torturado em 1970, no auge da
repressão durante o regime militar (1964-1985).
Além disso, sua irmã, Pauline, militante como ele da VPR
(Vanguarda Popular Revolucionária), morreu sob tortura,
em 1973.
Esse é um tema sobre o qual
Reichstul não gosta de tratar e
prefere que não seja abordado
para ""não reabrir feridas".
""É um assunto íntimo, pessoal, e que não interessa neste
momento", salienta ele, sem
revelar onde foi preso nem o
período exato em que isso
ocorreu.
Reichstul confirma as torturas sofridas nos nove meses em
que esteve preso de forma lacônica: ""Quem passa pela Oban e
fica impune?".
Ele se refere à Operação Bandeirantes -organismo formado por policiais civis e militares
e por integrantes das Forças
Armadas e conhecido pela prática violenta na repressão.
Reichstul salienta, entretanto, que não era da linha de frente da VPR. Define sua participação na organização como
""apoio". ""Eu tinha 20 anos.
Não sabia nada", diz.
Depois de libertado, ele foi
para o exílio. Passou a maior
parte do tempo em Londres,
onde estudou economia.
Professor de economia e administração na pós-graduação
da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo),
Ladislau Dowbor, que foi militante da VPR e viveu nove anos
com Pauline, conviveu com
Reichstul na organização.
""Ele teve uma participação
ativa e solidária durante a ditadura", avalia. ""Foi corajoso e
digno. Ajudava as pessoas
ameaçadas, dando abrigo e
transporte a elas."
Fundada em 68, a VPR era
uma organização político-militar de esquerda, criada a partir
da Polop (Política Operária) e
do MNR (Movimento Nacionalista Revolucionário) e formada por estudantes e ex-militares. Os irmãos Reichstul se
enquadram no primeiro caso; o
capitão Carlos Lamarca e o cabo José Anselmo dos Santos, o
cabo Anselmo, no segundo.
A VPR ganhou notoriedade
por suas ações, como assaltos a
bancos, sequestro de embaixadores e o treinamento de guerrilha no Vale do Ribeira (SP).
Na época em que Reichstul
foi preso, o cabo Anselmo
-delator infiltrado na organização- era o líder da VPR em
São Paulo.
Sua irmã foi morta em janeiro
de 1973, em um sítio em Abreu
e Lima (PE), que foi invadido
pelas forças de segurança após
delação do cabo Anselmo. A família obteve da Comissão dos
Desaparecidos Políticos, criada
pelo governo federal, indenização pela morte de Pauline.
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