São Paulo, quarta-feira, 25 de abril de 2001

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PAINEL

Mãos dadas
ACM e José Roberto Arruda (PSDB) tentaram articular um acordo pelo qual seriam punidos apenas com a suspensão dos seus mandatos. Não deu certo. Os dois ouviram ontem que o processo vai chegar ao plenário. A menos que renunciem.

Vida fácil
Comentário de um tucano sobre a proposta de apenas suspender os mandatos de José Roberto Arruda e ACM: "Seria o mesmo que conceder-lhes umas férias prolongadas no Caribe. A população não entenderia".

Futuro incerto
A maioria dos senadores diz que a cassação de ACM e Arruda é uma questão de sobrevivência. A eleição de 2002 está aí. Mas há quem diga que não se pode subestimar o poder de persuasão do pefelista baiano. "Ele sabe muito e de muita gente."

Prêmio à fraude
A proposta de suspensão do mandato foi articulada por um grupo de senadores ligados a ACM. O pefelista poderia, assim, disputar o governo da Bahia, com grande chance de vitória. E usaria na campanha a imagem de "mártir do Senado".

Guilhotina afiada
Interlocutores de ACM já mostram desespero com a situação do baiano. "A pressão pela degola é assustadora. Para a opinião pública, Regina (Borges) é uma heroína e ACM, um bandido", define um carlista.

Sessão da tarde
A bancada do PSDB na Câmara pediu a expulsão de Arruda um dia depois de FHC dizer que o senador tucano foi "corajoso e digno". Comparação óbvia: o governo foi "sarneyrizado".

Telhado de vidro
Xico Graziano (SP) foi um dos articuladores de José Serra para a expulsão de Arruda. Ouviu de deputados pró-Arruda que não tinha moral para pedir ética, pois é um dos suspeitos de ter feito os grampos do Sivam.


Pedra no sapato
Eduardo Suplicy está praticamente empatado com Luiz Inácio Lula da Silva em uma pesquisa de intenção de voto contratada pelo PT. A cúpula do partido está preocupada. Avalia que o crescimento da candidatura do senador pode acirrar ainda mais a disputa interna.

Dinheiro escondido
O governo não corrige os dados de liberação do Orçamento de 2000 desde 16 de fevereiro. O Orçamento de 2001 não é atualizado desde 30 de março. Sem as informações, não se pode conferir as emendas liberadas a parlamentares. A regra é divulgar os dados a cada 15 dias.

Vigilância criminosa
Presidente da Câmara de SP, José Eduardo Cardozo (PT) descobriu que as duas linhas telefônicas de sua casa estavam grampeadas. A escuta foi confirmada ontem por técnicos da Casa.

Garoto-propaganda
Antônio Ermírio de Moraes será a estrela de uma campanha publicitária da prefeitura paulistana, a ser exibida a partir de sábado. O empresário vai pedir que colegas destinem 1% do Imposto de Renda para um fundo municipal de apoio à infância.

Contexto favorável
A preferência por José Serra na pesquisa CNT/Sensus salta de 7,6% para 20% quando o pesquisado é informado de que o tucano é ministro da Saúde e provável candidato de FHC. Fica apenas atrás de Lula, com 25%. A CNT, que contratou a pesquisa, é ligada ao PFL.

Visita à Folha
Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Chiquinho Pereira, presidente da secção paulista da entidade, de Ramiro de Jesus Pinto, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Mogi e região, de Jorge Nazareno, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, e de Luiz Fernando Emediato, diretor do Centro de Solidariedade ao Trabalhador.

TIROTEIO

Do líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio (PSDB-AM), sobre a saída de José Roberto Arruda do partido:
-O PSDB agiu precipitadamente e em cima de uma certa desnecessidade. Eu não serei algoz de José Roberto Arruda.

CONTRAPONTO

Pão e água

O deputado federal Inocêncio Oliveira (PE), líder do PFL, é conhecido como pão-duro em Brasília. No ano passado, depois de uma sessão, ele deixou o plenário com os pepebistas Pedro Corrêa e Severino Cavalcanti.
Os dois queriam jantar em um restaurante, mas Inocêncio preferia ir para casa. Depois de muita conversa, foi convencido. Ao chegar a um restaurante caro em Brasília, Pedro e Severino pediram uma garrafa de vinho francês. Inocêncio retrucou:
- Eu não bebo. Não vou pagar esse vinho.
Na hora de escolher o prato, Inocêncio optou por um de R$ 8. Os outros dois pediram pratos caros e mais vinho. Ao final, Pedro comunicou que caberia a cada um pagar R$ 80.
Inocêncio protestou. Chamou o garçom e entregou R$ 10:
- Isto paga o que eu comi e ainda sobra gorjeta. Eu não vou pagar bebida de marmanjo.



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