São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

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PF vê indícios de esquema de propina em Furnas

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com base em relatório elaborado pela Controladoria Geral da União, a Polícia Federal afirma ter encontrado indícios de que, desde 2000, funciona em Furnas Centrais Elétricas um esquema de arrecadação de propina.
As fontes pagadoras seriam empresas que fornecem produtos e serviços para a estatal. O dinheiro arrecadado teria como destino o pagamento de campanhas políticas regionais e nacionais.
Ainda na investigação relacionada a Furnas, a PF intimou o lobista Nilton Monteiro para prestar depoimento na quinta-feira passada. Ele faltou e será novamente intimado. Se não comparecer, a PF deverá conduzi-lo, conforme previsão legal.
Inicialmente tratado como um colaborador da investigação, Monteiro corre risco de ser indiciado pelos crimes de denunciação caluniosa, falsificação de documento e estelionato. As penas previstas podem chegar a dez anos de prisão.
Isso porque, no ano passado, Monteiro entregou à PF uma lista na qual há registros do que seria a contabilidade paralela de Furnas. Feito um laudo pericial sobre as cinco folhas que detalham um caixa dois de R$ 40 milhões arrecadado em 2002, os técnicos detectaram indícios de falsidade.
O laudo não é conclusivo, porque foi feito sobre cópia do documento original. Monteiro fez promessas de que entregaria o original, mas nunca cumpriu.
Com base em depoimentos -entre os quais o do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB)- e também por conta da suposta contabilidade paralela, o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo é investigado sob a suspeita de ser o coordenador do esquema.
Na lista, Jefferson consta como beneficiário de R$ 75 mil. À PF, em janeiro, ele disse ter recebido de Dimas o dinheiro.
No ano passado, em entrevista à Folha, Jefferson atribuiu o comando do suposto esquema a Dimas, então diretor de Engenharia.
"Ele [Dimas] explicou que sobram R$ 3 milhões por mês em Furnas. Desse total, R$ 1 milhão vai para o PT nacional, pelas mãos de Delúbio [Soares, ex-tesoureiro do PT]", afirmou Jefferson na ocasião. Dimas nega a autoria da lista e qualquer prática irregular em Furnas.
Empresas de seus familiares, entre as quais a Canal Energia, que prestou serviços para Furnas sem licitação, também estão sob investigação policial.

Outro lado
Por meio de sua assessoria, o advogado Rogério Marcolini, que defende Dimas, afirmou ontem que, "daquilo que conhece dos autos, ignora qualquer indício de supostas práticas ilegais que tenham sido praticadas em Furnas que mereça credibilidade".
Até o fechamento desta edição, a assessoria de Furnas, procurada pela Folha na tarde de ontem, não havia encaminhado nenhum comunicado ao jornal.

CPI dos Bingos
A PF vai instaurar inquérito para apurar o desaparecimento de um laptop usado pela CPI dos Bingos. O caso é investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal. A PF entrará na investigação porque o aparelho pertence à União.
Ouvido pela Polícia Civil, o assessor que utiliza o equipamento apontou como principal suspeito pelo furto um de seus irmãos, que seria viciado em drogas.


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