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PF vê indícios de esquema de propina em Furnas
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com base em relatório elaborado pela Controladoria Geral da
União, a Polícia Federal afirma ter
encontrado indícios de que, desde
2000, funciona em Furnas Centrais Elétricas um esquema de arrecadação de propina.
As fontes pagadoras seriam empresas que fornecem produtos e
serviços para a estatal. O dinheiro
arrecadado teria como destino o
pagamento de campanhas políticas regionais e nacionais.
Ainda na investigação relacionada a Furnas, a PF intimou o lobista Nilton Monteiro para prestar depoimento na quinta-feira
passada. Ele faltou e será novamente intimado. Se não comparecer, a PF deverá conduzi-lo, conforme previsão legal.
Inicialmente tratado como um
colaborador da investigação,
Monteiro corre risco de ser indiciado pelos crimes de denunciação caluniosa, falsificação de documento e estelionato. As penas
previstas podem chegar a dez
anos de prisão.
Isso porque, no ano passado,
Monteiro entregou à PF uma lista
na qual há registros do que seria a
contabilidade paralela de Furnas.
Feito um laudo pericial sobre as
cinco folhas que detalham um
caixa dois de R$ 40 milhões arrecadado em 2002, os técnicos detectaram indícios de falsidade.
O laudo não é conclusivo, porque foi feito sobre cópia do documento original. Monteiro fez promessas de que entregaria o original, mas nunca cumpriu.
Com base em depoimentos
-entre os quais o do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB)- e
também por conta da suposta
contabilidade paralela, o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo é investigado sob a suspeita de ser o
coordenador do esquema.
Na lista, Jefferson consta como
beneficiário de R$ 75 mil. À PF,
em janeiro, ele disse ter recebido
de Dimas o dinheiro.
No ano passado, em entrevista à
Folha, Jefferson atribuiu o comando do suposto esquema a Dimas, então diretor de Engenharia.
"Ele [Dimas] explicou que sobram R$ 3 milhões por mês em
Furnas. Desse total, R$ 1 milhão
vai para o PT nacional, pelas mãos
de Delúbio [Soares, ex-tesoureiro
do PT]", afirmou Jefferson na
ocasião. Dimas nega a autoria da
lista e qualquer prática irregular
em Furnas.
Empresas de seus familiares,
entre as quais a Canal Energia,
que prestou serviços para Furnas
sem licitação, também estão sob
investigação policial.
Outro lado
Por meio de sua assessoria, o
advogado Rogério Marcolini, que
defende Dimas, afirmou ontem
que, "daquilo que conhece dos
autos, ignora qualquer indício de
supostas práticas ilegais que tenham sido praticadas em Furnas
que mereça credibilidade".
Até o fechamento desta edição,
a assessoria de Furnas, procurada
pela Folha na tarde de ontem, não
havia encaminhado nenhum comunicado ao jornal.
CPI dos Bingos
A PF vai instaurar inquérito para apurar o desaparecimento de
um laptop usado pela CPI dos
Bingos. O caso é investigado pela
Polícia Civil do Distrito Federal. A
PF entrará na investigação porque o aparelho pertence à União.
Ouvido pela Polícia Civil, o assessor que utiliza o equipamento
apontou como principal suspeito
pelo furto um de seus irmãos, que
seria viciado em drogas.
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