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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Hipótese é citada por Cesar Maia em encontro com Alckmin; Agripino fala em pressões nos Estados
Por alianças regionais, PFL diz que pode não dar vice ao PSDB
CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O PFL ameaçou romper o acordo de composição formal de chapa com o PSDB para a Presidência, deixando de indicar o vice de
Geraldo Alckmin, caso os tucanos
mantenham resistência a alianças
em ao menos oito Estados.
Contrariado com o lançamento
da candidatura do deputado
Eduardo Paes (PSDB) ao governo
do Rio de Janeiro, o prefeito da
capital fluminense, Cesar Maia,
foi o porta-voz do alerta, que representaria uma perda de cerca
de seis minutos diários do tempo
de Alckmin em rádio e TV.
À mesa com Alckmin, durante
seminário do PFL sobre política
externa, Maia constrangeu o tucano ao pregar a possibilidade de o
PFL ficar fora da chapa para ampliar a bancada, embora mantendo apoio informal à candidatura.
Com ironia, Maia sugeriu que
talvez "melhor seja que o PFL não
tenha candidato a vice". E tenha
"maior flexibilidade, para montar
alianças e oferecer a Vossa Excelência [Alckmin] uma bancada
com mais dez ou 12 deputados".
Ontem, pela manhã, Alckmin
chamou de naturais as dificuldades com o PFL. Antes de ouvir
Maia, minimizou: "Estive com
Fernando Henrique. Os problemas são os mesmos". O ex-governador se reúne hoje com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen.
A declaração de Maia irritou o
presidente nacional do PSDB,
Tasso Jereissati (CE), que descredenciou o prefeito do Rio como
interlocutor do PFL. Tasso repetiu nunca ter ouvido isso do presidente do PFL. "Estamos comprometidos e não vamos fugir desse
compromisso. Qualquer coisa em
sentido contrário, se o PFL não falar diretamente comigo, que sou o
presidente do partido, é fofoca."
PMDB
O prefeito tornou pública, no
entanto, uma hipótese sob análise
no PFL, desde quarta-feira, quando o PMDB acenou com a possibilidade real de lançamento de
candidato próprio à Presidência.
Como os peemedebistas são parceiros do PFL em pelo menos sete
outros Estados, os pefelistas começaram a cogitar a idéia de se livrar das amarras impostas pela
verticalização, que exige a reprodução das alianças nacionais.
O PFL espera que os problemas
estaduais sejam resolvidos até o
dia 14 de maio, quando o PMDB
deve fazer uma pré-convenção.
Mesmo cotado para a vice, o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), admitiu ontem que
crescerá a pressão para que o partido fique solto nos Estados. "O
apoio a Alckmin é indiscutível.
Mas a aliança formal passa pela
superação das dificuldades regionais. O PMDB, tendo candidato
próprio, é um complicador. Cresce dentro do partido a pressão para que não haja a aliança."
Agripino tenta, com isso, conquistar a simpatia da cúpula do
PFL a seu nome para a vice. Hoje,
os comandantes do partido
apóiam o senador José Jorge (PE).
Por isso reproduziu a conversa
que tivera na véspera num jantar
com o líder do PFL na Câmara,
Rodrigo Maia (RJ). "A gente tem
de resolver os nossos problemas,
PFL e PSDB, para que nenhum fator externo possa interferir na
nossa decisão", advertiu Rodrigo.
Apesar do discurso dos líderes,
Bornhausen minimizou o risco de
rompimento. Segundo ele, "essa é
uma possibilidade, não uma probabilidade". Com o PFL, Alckmin
terá cerca de 15 minutos diários
de TV, sendo o candidato com
mais tempo. Sem o PFL, sua participação cairia para cerca de 9 minutos, ficando atrás até de Anthony Garotinho (PMDB).
PSDB
Preocupada com a resistência
de parte das bancadas do partido
em aderir a Alckmin, a direção do
PSDB agendou para hoje uma
"confraternização" do presidenciável com parlamentares tucanos. Oficialmente, a direção do
PSDB diz que se trata de um coquetel de "confraternização". Mas
a intenção é fazer do jantar um ato
de apoio para embalar a campanha. Foram convidados os 57 deputados e 15 senadores da sigla.
O evento tem dois objetivos:
criar uma frente de defesa de
Alckmin no Congresso e abrir palanques para ele nos Estados.
Paralelamente, o PSDB apontou
ontem Álvaro Dias (PR) para ocupar a liderança da oposição no Senado. Ele substituirá José Jorge
(PFL-PE). A indicação de Dias,
que se destacou na CPI dos Correios, faz parte da estratégia tucana de montar uma ofensiva contra Lula. "A oposição tem de endurecer a cada ação do governo",
disse Dias. Sobre Alckmin, ele disse: "Quem tentar construir uma
imagem de desonestidade do
Alckmin vai perder tempo".
Na véspera do encontro com
Alckmin, tucanos diziam que pesquisas encomendadas pelo partido apontavam leve melhora nos
índices de intenção de voto em locais onde a aliança com o PFL já
está fechada ou que foram visitados pelo tucano. Hoje o partido
também estréia uma série de inserções em cadeia de rádio e TV.
Colaborou SILVIO NAVARRO, da Sucursal de Brasília
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