São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Hipótese é citada por Cesar Maia em encontro com Alckmin; Agripino fala em pressões nos Estados

Por alianças regionais, PFL diz que pode não dar vice ao PSDB

CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

O PFL ameaçou romper o acordo de composição formal de chapa com o PSDB para a Presidência, deixando de indicar o vice de Geraldo Alckmin, caso os tucanos mantenham resistência a alianças em ao menos oito Estados.
Contrariado com o lançamento da candidatura do deputado Eduardo Paes (PSDB) ao governo do Rio de Janeiro, o prefeito da capital fluminense, Cesar Maia, foi o porta-voz do alerta, que representaria uma perda de cerca de seis minutos diários do tempo de Alckmin em rádio e TV.
À mesa com Alckmin, durante seminário do PFL sobre política externa, Maia constrangeu o tucano ao pregar a possibilidade de o PFL ficar fora da chapa para ampliar a bancada, embora mantendo apoio informal à candidatura.
Com ironia, Maia sugeriu que talvez "melhor seja que o PFL não tenha candidato a vice". E tenha "maior flexibilidade, para montar alianças e oferecer a Vossa Excelência [Alckmin] uma bancada com mais dez ou 12 deputados".
Ontem, pela manhã, Alckmin chamou de naturais as dificuldades com o PFL. Antes de ouvir Maia, minimizou: "Estive com Fernando Henrique. Os problemas são os mesmos". O ex-governador se reúne hoje com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen.
A declaração de Maia irritou o presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati (CE), que descredenciou o prefeito do Rio como interlocutor do PFL. Tasso repetiu nunca ter ouvido isso do presidente do PFL. "Estamos comprometidos e não vamos fugir desse compromisso. Qualquer coisa em sentido contrário, se o PFL não falar diretamente comigo, que sou o presidente do partido, é fofoca."

PMDB
O prefeito tornou pública, no entanto, uma hipótese sob análise no PFL, desde quarta-feira, quando o PMDB acenou com a possibilidade real de lançamento de candidato próprio à Presidência. Como os peemedebistas são parceiros do PFL em pelo menos sete outros Estados, os pefelistas começaram a cogitar a idéia de se livrar das amarras impostas pela verticalização, que exige a reprodução das alianças nacionais.
O PFL espera que os problemas estaduais sejam resolvidos até o dia 14 de maio, quando o PMDB deve fazer uma pré-convenção.
Mesmo cotado para a vice, o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), admitiu ontem que crescerá a pressão para que o partido fique solto nos Estados. "O apoio a Alckmin é indiscutível. Mas a aliança formal passa pela superação das dificuldades regionais. O PMDB, tendo candidato próprio, é um complicador. Cresce dentro do partido a pressão para que não haja a aliança."
Agripino tenta, com isso, conquistar a simpatia da cúpula do PFL a seu nome para a vice. Hoje, os comandantes do partido apóiam o senador José Jorge (PE). Por isso reproduziu a conversa que tivera na véspera num jantar com o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ). "A gente tem de resolver os nossos problemas, PFL e PSDB, para que nenhum fator externo possa interferir na nossa decisão", advertiu Rodrigo.
Apesar do discurso dos líderes, Bornhausen minimizou o risco de rompimento. Segundo ele, "essa é uma possibilidade, não uma probabilidade". Com o PFL, Alckmin terá cerca de 15 minutos diários de TV, sendo o candidato com mais tempo. Sem o PFL, sua participação cairia para cerca de 9 minutos, ficando atrás até de Anthony Garotinho (PMDB).

PSDB
Preocupada com a resistência de parte das bancadas do partido em aderir a Alckmin, a direção do PSDB agendou para hoje uma "confraternização" do presidenciável com parlamentares tucanos. Oficialmente, a direção do PSDB diz que se trata de um coquetel de "confraternização". Mas a intenção é fazer do jantar um ato de apoio para embalar a campanha. Foram convidados os 57 deputados e 15 senadores da sigla.
O evento tem dois objetivos: criar uma frente de defesa de Alckmin no Congresso e abrir palanques para ele nos Estados.
Paralelamente, o PSDB apontou ontem Álvaro Dias (PR) para ocupar a liderança da oposição no Senado. Ele substituirá José Jorge (PFL-PE). A indicação de Dias, que se destacou na CPI dos Correios, faz parte da estratégia tucana de montar uma ofensiva contra Lula. "A oposição tem de endurecer a cada ação do governo", disse Dias. Sobre Alckmin, ele disse: "Quem tentar construir uma imagem de desonestidade do Alckmin vai perder tempo".
Na véspera do encontro com Alckmin, tucanos diziam que pesquisas encomendadas pelo partido apontavam leve melhora nos índices de intenção de voto em locais onde a aliança com o PFL já está fechada ou que foram visitados pelo tucano. Hoje o partido também estréia uma série de inserções em cadeia de rádio e TV.


Colaborou SILVIO NAVARRO, da Sucursal de Brasília


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