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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Ex-mulher de preso em Bangu diz que casal serviu de laranja; ele deixou sociedade neste mês
Empresa de assaltante aparece entre doadoras a Garotinho
SERGIO TORRES
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
José Onésio Rodrigues Ferreira,
33, assaltante que cumpre pena
no complexo penitenciário de
Bangu (zona oeste do Rio), é fundador da empresa Virtual Line
Projetos e Consultoria de Informática, que teria doado R$ 50 mil
à pré-campanha de Anthony Garotinho (PMDB) à Presidência.
Seu nome saiu da sociedade neste
mês. A doação ocorreu em fevereiro, quando Ferreira era sócio.
A Virtual faz parte de lista de
empresas divulgadas como doadoras. Algumas têm endereços
fictícios em Rio Bonito (70km do
Rio), conforme publicou o jornal
"O Globo" no domingo.
Antes de ser preso, há dois meses, Ferreira morava em uma vila
no pé do Tuiuti (São Cristóvão,
zona norte), morro controlado
pela facção criminosa Comando
Vermelho. Sua ex-mulher, Sarajane Aparecida Luz Costa, também
é ex-sócia da firma. Seu endereço
residencial fica dentro da favela.
"Fomos laranjas. Não ganhei
nada para fazer isso. Moro em um
cômodo no porão da casa da minha mãe, na favela, com dois filhos. Sou depiladora e ganho
R$ 385 por mês", disse Sarajane à
Folha, em entrevista por telefone.
De acordo com a prestação de
contas, que foi divulgada no site
www.anthonygarotinho.com.br,
a Virtual Line doou R$ 50 mil dos
R$ 650 mil que teriam sido arrecadados neste ano pelo diretório do
PMDB no Estado do Rio, com o
único objetivo de financiar a pré-campanha de Garotinho.
Documento oficial da Junta Comercial do Estado informa que a
Virtual Line foi fundada em 1º de
dezembro de 2004, por Ferreira e
sua então mulher, com um capital
social de R$ 4.000.
A Junta Comercial registra que,
no último dia 5, Ferreira deixou a
sociedade. A doação dos R$ 50
mil ocorreu no dia 17 de fevereiro,
conforme divulga o site do ex-governador do Rio.
A informação de que o irmão é
dono de uma empresa de informática que teria doado R$ 50 mil
a Garotinho surpreendeu Noélia
Rodrigues Ferreira.
Ela disse que jamais soube que o
irmão era empresário e que entendesse de informática. Os dois
sempre moraram juntos. Noélia é
quem cuida dos assuntos referentes ao irmão preso.
O site informa que, além da Virtual Line, doaram à pré-campanha as empresas Inconsul Informática e Consultoria de Projetos
(R$ 150 mil), Emprin Empresa de
Projetos de Informática (R$ 200
mil) e Teldata Telecomunicações
e Sistema (R$ 250 mil).
A Virtual Line, a Inconsul e a
Emprin teriam sede no município
de Rio Bonito, onde a alíquota do
ISS (Imposto sobre Serviço) é de
apenas 1%. A Teldata, em Recife.
A Folha percorreu na quinta-feira passada e ontem, em Rio Bonito, os endereços das empresas
divulgados pelo site. No suposto
endereço da Virtual, funcionários
do prédio informam que a empresa já não funciona lá há cerca
de um ano. Os endereços da Inconsul e da Emprin são fictícios.
Os endereços corretos da Inconsul e da Emprin aparecem
apenas na Secretaria Municipal
de Fazenda. Elas seriam representadas em Rio Bonito pela firma
Eloin Contábil. O dono da Eloin,
José Américo dos Santos, disse
que alugou "um espaço virtual"
para a Inconsul e a Emprin.
"Isso é normal aqui. Elas funcionam virtualmente. Fisicamente,
eu não sei onde funcionam. Também não conheço os donos. Não
faço a menor idéia sobre quem
são. Fiz a locação por meio de um
intermediário. Sou um mero locador das firmas. Eu cedo espaço."
Anteontem, o PMDB divulgou
nota afirmando que as doações
foram feitas de forma legal.
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