São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

"O PT que vá caçar cotia"

O veto da cúpula do PT à aliança com o PSDB em Belo Horizonte pode excluir o partido da chapa de Márcio Lacerda (PSB), candidato que unia o tucano Aécio Neves e o prefeito petista Fernando Pimentel.
"Nossa opção é ficar com o governador. Quem vai ter que caçar cotia é o PT", disse o deputado Júlio Delgado (PSB) ao sair ontem do gabinete de Aécio. Ele acrescenta que Lacerda foi um nome de consenso "construído" pelo tucano, de quem é secretário, e que "não faria sentido" o PSDB ficar de fora do acordo. "Se não vale a aliança com Aécio, não vale conosco também", avisa Delgado. Hoje, o comando nacional do PSB reúne no Rio seus candidatos a prefeito, em encontro que deve engrossar o coro antipetista.



Veja bem. A ala mais ligada a Lula do PSB pondera que a decisão do partido tanto pode ser ficar com o PT quanto com Aécio. "Não nos cabe falar nada agora. Temos de analisar a nova conjuntura", diz o senador Renato Casagrande (ES).

Colateral. A implosão do acordo PT-PSDB em torno de Márcio Lacerda pode dificultar as negociações para que Marta Suplicy conquiste o apoio do PSB em São Paulo.

SOS. Petistas recorreram à cúpula nacional do PMDB na tentativa de reverter o apoio de Orestes Quércia a Gilberto Kassab (DEM) em São Paulo. Ouviram que, diante do desprezo do PT pelos candidatos peemedebistas Brasil afora, não há nada a fazer.

Conta outra. Do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), que viu o PT abandonar o barco do prefeito João Henrique (PMDB) em Salvador para lançar candidato próprio: "Se eu pedir ao Quércia que apóie a Marta ele vai rir na minha cara".

Troco 1. O movimento da corrente majoritária do PT, capitaneada por Ricardo Berzoini, de se aliar à turma de Tarso Genro (Mensagem ao Partido) na rejeição ao acordo de Belo Horizonte teve um quê de recado a Lula.

Troco 2. Berzoini, que lá atrás foi estimulado pelo presidente ao fazer as primeiras críticas à aliança com o PSDB, ficou com cara de bobo ao vê-lo passar a mão na cabeça da dupla Aécio-Pimentel.

É guerra. No que diz respeito à luta interna do PT, o evento de ontem marca o início da operação, liderada pelos ministros mineiros Patrus Ananias e Luiz Dulci, para dinamitar a candidatura de Pimentel ao governo em 2010.

Nem pensar. A um correligionário com quem conversou longamente ontem, Geraldo Alckmin afirmou que não recuará da decisão de concorrer à prefeitura, mesmo agora que a aliança do PMDB com Gilberto Kassab deixou o pré-candidato tucano em estado de quase asfixia.

Será? De um dirigente tucano ligado a Alckmin, sobre a possibilidade de o ex-governador desistir da eleição: "É a mesma de um terremoto atingir a cidade de São Paulo".

Idéia fixa. Durante reunião do PT paulista com Marta Suplicy ontem, Devanir Ribeiro (PT-SP) disse que agora só cumprimenta as pessoas com três dedos estendidos. Principal porta-voz da idéia de dar a Lula o direito de concorrer em 2010, o deputado explicou que se trata de gesto-símbolo do terceiro mandato.

Pop. O general Augusto Heleno, comandante militar da Amazônia, tem recebido 400 e-mails por dia desde que criticou a política indigenista do governo. Há pelo menos quatro comunidades no Orkut sugerindo seu nome como candidato à Presidência.

Visita à Folha. Nelson Jobim, ministro da Defesa, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de José Ramos, assessor de imprensa.

Tiroteio

A avaliação da direção nacional do PT sobre Aécio contraria frontalmente a da militância petista e da população em Belo Horizonte.

Do secretário-geral do PSDB, deputado RODRIGO DE CASTRO (MG), sobre a nota do PT que proíbe a aliança com os tucanos na capital mineira e tece pesadas críticas ao governador.

Contraponto

Eterno palanque

Durante reunião com líderes da base aliada, ontem no Palácio do Planalto, Lula defendeu a importância da aprovação do projeto de reforma tributária pelo Congresso. O presidente, porém, reconheceu a dificuldade de chegar a um consenso sobre o tema, que envolve interesses os mais diversos, especialmente em ano eleitoral.
-Olha lá, hein, Guido, quero ver se essa proposta do governo é boa mesmo...-, provocou Lula, dirigindo-se em tom bem-humorado ao ministro da Fazenda.
Voltando-se para os líderes, o presidente completou:
-O que me preocupa é saber se vai ter placa apoiando a reforma quando eu estiver em viagem pelos Estados!


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