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outro lado
Advogado nega envolvimento com fraudes
Para professor de direito constitucional, uso de algemas na prisão de Ricardo Tosto representa abuso de autoridade
DA REPORTAGEM LOCAL
Os advogados do conselheiro
do BNDES Ricardo Tosto negaram, por meio de uma nota à
imprensa, que ele tenha envolvimento com o esquema de
desvio de recursos públicos do
banco ou que faça parte de uma
rede de prostituição e tráfico
internacional de mulheres.
"Não há o mais remoto fundamento nas imputações feitas", diz trecho do documento.
O escritório de advocacia
Leite, Tosto e Barros repeliu
"vigorosamente a acusação
produzida contra um de seus
sócios, o advogado Ricardo
Tosto". Para os advogados, a
Operação Santa Tereza, que
ontem prendeu dez pessoas no
Estado de São Paulo, foi "divulgada com espalhafato irresponsável pela Polícia Federal."
Na nota, os advogados que
defendem Tosto no inquérito
dizem que não existem argumentos para a PF prendê-lo.
"Não se justifica essa investida
truculenta contra um cidadão
conhecido, com endereço fixo e
sem qualquer antecedente criminal, jamais solicitado a prestar qualquer esclarecimento
sobre dúvidas que pairassem a
respeito de sua autuação nesta
investigação. As atitudes policiais e judiciais não encontram
sustentação num Estado democrático de Direito."
A defesa do advogado ressaltou que os supostos desvios de
recursos do BNDES que estão
sendo investigados pela polícia
aconteceram antes que Tosto
assumisse um cargo de conselheiro na instituição. Os advogados relataram que Tosto não
conhece as pessoas que teriam
sido beneficiadas pelas fraudes.
"É de se esclarecer ainda que
conselheiros do BNDES não
têm qualquer função executiva
na instituição. Seu papel é consultivo. Sua função é a de debater a política institucional da
agência de financiamentos. Revela-se verdadeira ofensa a essa
instituição, supor que qualquer
colaborador, de seu corpo altamente técnico, participasse de
qualquer negócio escuso", ponderam os advogados.
Sobre a suspeita de envolvimento em uma rede de prostituição e de tráfico internacional de mulheres, os advogados caracterizaram a acusação como uma "aberração".
Os representantes de Tosto
concluíram o documento em
tom ameaçador: "nenhuma
alegação justifica esse lamentável episódio. Os responsáveis
por essa violência inadmissível
responderão por seus atos."
Para Pedro Estevam Serrano,
professor de direito constitucional da PUC de São Paulo, o
uso de algemas na detenção de
Tosto demonstrou abuso de
autoridade por parte da polícia.
"A Constituição determina que
qualquer cidadão que for detido tem que ter sua integridade
física preservada. Se ele não
oferecia risco de fuga, nem
ameaça física ao policial, não
podia ter sido algemado", disse.
"Se houve abuso por parte dos
policiais, as autoridades precisam investigar", acrescentou.
Outros envolvidos
A empresa Marisa Lojas Varejistas Ltda. informou, por
meio de uma nota, que Boris
Timoner não pertence ao seu
quadro funcional e não é executivo da empresa. Segundo a nota, Timoner trabalha na Tnolplan Planejamento e Desenvolvimento de Negócios Ltda., empresa que presta serviços à Marisa. Os advogados de Timoner
não foram localizados.
Por intermédio de sua assessoria, o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB),
disse estar "tranqüilo quanto à
investigação" e que colocará à
disposição da PF toda a documentação do empréstimo contraído no BNDES.
A assessoria da prefeitura informou que foi feito um empréstimo de R$ 146 milhões no
banco para executar obras do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento). Desse montante, foram liberados R$ 20
milhões. A assessoria disse que
a PF não notificou Mourão e
que só um assessor político do
prefeito estaria sob suspeita.
(MARIO CESAR CARVALHO E AFONSO BENITES)
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