São Paulo, sábado, 25 de abril de 2009

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PT vive campanha por volta de Delúbio

Reunião do Diretório Nacional do partido que decidirá o futuro do ex-tesoureiro ocorrerá em um mês

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A um mês da reunião do Diretório Nacional que sacramentará o destino de Delúbio Soares, parlamentares e dirigentes do PT estão sendo bombardeados por uma campanha pela reintegração do ex-tesoureiro ao partido.
Entre o material de propaganda pró-Delúbio, estão cartas do presidente da CUT, Arthur Henrique, e do coordenador da maior corrente do PT, a Construindo um Novo Brasil, Francisco da Rocha.
No documento -apresentado à corrente no fim de março-, Rochinha afirma que "ninguém tem autoridade para jogar a primeira pedra [em Delúbio]", mesmo "porque a "crise" não estava e não está relacionada, exclusivamente, a uma pessoa". Segundo ele, ela -a "crise"- "exige de todos a responsabilidade das não discussões coletivas ocorridas no PT já há algum tempo".
"Não quero tratar disso nem com emoção nem com saudosismo, mas repilo veementemente o comportamento de hipocrisia e, sobretudo, daqueles que cospem no prato em que comeram. Quero deixar claro que não sei se será agora, pode ser, e, se assim for, lutarei pela volta de Delúbio ao PT."
Procurado pela Folha, Rochinha disse que esse era um texto destinado à discussão interna, não à campanha pública pela volta de Delúbio. Hoje assessor do presidente do PT, Ricardo Berzoini, Rochinha avisa, porém, que lançará dois novos documentos até junho.
Arthur Henrique, por sua vez, afirma que os petistas devem solidariedade ao ex-tesoureiro, banido do partido após o escândalo do mensalão.
"Sua postura de assumir, sozinho, as responsabilidades como tesoureiro do PT, a partir das acusações levantadas em 2005 e da defesa que fez do partido frente à sanha oposicionista nos depoimentos da CPI e demais interrogatórios pelos quais passou, é de alguém que tem coragem. Nós precisamos de pessoas corajosas na luta pela transformação social do Brasil perto e não longe de nós", prega Arthur Henrique.
Procurado, Arthur Henrique disse que a carta -na qual condena o "falso moralismo"- é "autoexplicativa".
Além do manifesto de integrantes do partido -um deles intitulado de "A Páscoa de Delúbio"-, os e-mails disparados a petistas incluem declarações de apoio do ex-ministro José Dirceu, que teve o mandato de deputado federal cassado como produto da crise, e oferecem possibilidade de diálogo com o próprio Delúbio, por meio de seu endereço eletrônico.
Dirceu também exibe a carta do presidente da CUT em seu blog. No dia 18 de março, Delúbio apresentou a Berzoini um pedido formal de reintegração.
Sua intenção é concorrer à Câmara no ano que vem.
Há duas semanas, uma comissão destacada pela Executiva do PT se reuniu com Delúbio para manifestar posição contrária à sua filiação. Na conversa, Delúbio teve sua lealdade partidária questionada, já que insiste em voltar durante plena disputa pré-eleitoral.
Delúbio, segundo petistas, não desistiu do pedido, que deverá ser submetido ao partido na reunião do dia 23 de maio.
Levantamento publicado pela Folha em março mostrou que menos de um terço dos membros do Diretório Nacional rejeita categoricamente o retorno de Delúbio ao partido.


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