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Tucanos e petistas cobiçam apoio de PP e PTB
Aliança significa mais tempo de TV e palanques regionais; PT e PSDB tentam ao menos evitar que adversário feche acordo formal
Roberto Jefferson defende que petebistas fiquem com José Serra, mas enfrenta resistência; no PP, ideia é adiar definição para junho
DA REPORTAGEM LOCAL
Na fase final de costura de
alianças para a eleição, tucanos
e petistas travam uma batalha
para tentar atrair dois partidos
ainda indefinidos no tabuleiro
eleitoral: PP e PTB.
O apoio formal significa tempo de TV -estão em jogo
2min41s em horário nobre- e
palanques regionais. A garantia
de que não haverá apoio formal
ao bloco oposto assegura pelo
menos que o adversário não
herdará os benefícios.
O PT trabalha para fechar
uma aliança com o PP e evitar
que o PSDB consiga levar o PTB
-que, presidido pelo ex-deputado e delator do mensalão, Roberto Jefferson, não fecharia
uma aliança nacional com os
petistas. Os tucanos pretendem
firmar a aliança com o PTB e
tentam neutralizar o PP.
"Os dois partidos estão na
mesma situação, só que com o
sinal trocado", diz o presidente
do PT, José Eduardo Dutra.
Enquanto Jefferson deixa
claro que quer o apoio formal
de seu partido ao pré-candidato tucano à Presidência, José
Serra, os líderes da legenda no
Senado, Gim Argello (DF), e na
Câmara, Jovair Arantes (GO),
defendem que o partido fique
ao lado de Dilma Rousseff (PT).
No início da semana, Jefferson e Argello se reuniram, mas
a decisão sobre o assunto ficou
para o próximo mês. "A bancada e a maioria dos prefeitos [do
PTB] querem a Dilma. Eles têm
de ser ouvidos", disse Argello.
Na avaliação do PSDB, Jefferson tem o controle efetivo
do partido e conseguiria, caso o
acordo não seja fechado em
maio, viabilizar a aliança entre
petebistas e tucanos nas convenções de junho.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, se reuniu duas vezes com o ex-deputado na semana passada. "Apenas posso
dizer que estamos nos entendendo muito bem com o PTB."
Em relação ao PP, a Folha
apurou que uma aliança formal
é vista com ceticismo pelos tucanos. Conseguir a neutralidade do partido e, com isso, tirar
tempo de TV de Dilma, já seria
uma vitória. O principal obstáculo é o fato de o PP controlar o
Ministério das Cidades.
Na semana passada, um atrito entre a bancada do PP na Câmara e o ministro Márcio Fortes quase gerou uma rebelião
capaz de jogar o partido definitivamente para o lado de Serra.
A bancada do partido pressiona pela liberação de emendas no ministério. Rapidamente, foi feito um acerto, mas sobraram rusgas.
Um integrante da cúpula do
PP reclama do fato de Fortes
achar, segundo ele, que "está
acima do bem e do mal".
Expectativa
Os ânimos foram apaziguados pelo senador Francisco
Dornelles (PP-RJ) -nome visto no PSDB, ainda que reservadamente, como plano B no caso
de o ex-governador Aécio Neves (MG) efetivamente se recusar a compor uma chapa puro-sangue com Serra.
A hipótese foi levantada pelo
deputado do PP Paulo Maluf
(SP), que afirmou ver em Dornelles o "o vice ideal" de Serra.
Para o PT, a ideia da Vice-Presidência não reverbera nas
lideranças do partido. Os petistas ainda dão como certo o
apoio formal do PP e tentam
apressar a definição.
A Folha apurou que a estratégia entre PSDB e PP é cozinhar em banho-maria o assunto até junho. Dessa forma, o governo não teria tempo, por
conta da legislação eleitoral, de
contra-atacar uma ofensiva tucana com a liberação de verbas
para a bancada do PP.
Um deputado do PP questiona a "utilidade de um ministério depois de junho".
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha,
do PTB, rebate o argumento:
"Ninguém desdenha um ministério".
(ANA FLOR e BRENO COSTA)
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