São Paulo, sábado, 25 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Pré-candidato do PPS à Presidência diz que, se eleito, não autorizará entrada de instituições do exterior no país

Ciro propõe veto a novos bancos estrangeiros

Jorge Araújo/Folha Imagem
O presidenciável do PPS, Ciro Gomes, durante reunião com representantes de bancos brasileiros e estrangeiros na Febraban, em SP


PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O pré-candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, afirmou ontem, em São Paulo, que, se eleito, não autorizará a entrada de novos bancos estrangeiros no país.
"Hoje, pela legislação, só pode entrar banco estrangeiro no país com a autorização pessoal do presidente da República. É minha diretriz não dar autorização para entrar mais nenhum", declarou Ciro à Folha.
A mesma afirmação foi feita anteontem, durante encontro fechado entre o presidenciável e representantes de bancos brasileiros e estrangeiros na Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), em São Paulo.
Aproximadamente 60 pessoas participaram da reunião, entre elas, representantes dos bancos Itaú, Bradesco, Bank Boston, Citibank e Santander.
De acordo com o ex-ministro, a iniciativa tem por objetivo evitar a internacionalização do sistema financeiro do Brasil. ""Acho isso [a entrada das instituições estrangeiras" uma imprudência, mas os bancos que já estão aqui tudo bem, normal", completou ele.
O presidente da Febraban, gabriel Jorge Ferreira, vice-presidente do Conselho de Administração do Unibanco, discorda do pré-candidato do PPS.
Por intermédio da assessoria de imprensa da Febraban, afirmou que não deve haver restrições à entrada dos bancos estrangeiros no país. Em sua avaliação, a concorrência é bem-vinda e trouxe benefícios à oferta de serviços.
Segundo dados de abril deste ano fornecidos pelo Banco Central, atuam hoje no país 7.911 instituições financeiras. Dessas, 70 têm participação estrangeira superior a 50% do capital votante.
Conforme o BC, a entrada de bancos estrangeiros no país está condicionada à autorização prévia do presidente da República e à subsequente aprovação pelo Conselho Monetário Nacional.
A assessoria do Banco Central também informou não ter conhecimento, até o momento, de o conselho ter reprovado a entrada de um banco previamente autorizado pelo presidente da República para atuar no país.

Setores apodrecidos
O ex-ministro criticou os bancos também durante entrevista à Rádio Transamérica, ontem de manhã, em São Paulo. Ao ser questionado sobre as altas taxas de juros, afirmou que o sistema financeiro brasileiro é o maior beneficiado pelo mecanismo.
""Os fenícios inventaram a taxa de juros. Daquela data para cá, ninguém ganhou tanto dinheiro quanto o sistema financeiro brasileiro. Desgraçadamente, são sócios da grande mídia, que controla as grandes televisões. Desgraçadamente financiam as campanhas dos setores apodrecidos da política brasileira", declarou.
Segundo o presidenciável, a responsabilidade não pode ser atribuída aos bancos, mas ao governo. "Embora eles [os bancos] estejam aí com a goela sem fundo para ganhar o máximo de dinheiro", completou.
Ciro também voltou a atacar o pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Como de costume, fez repetidas menções à falta de experiência administrativa do petista, para em seguida elogiá-lo do ponto de vista pessoal.
"O Lula ficou contra o real lá atrás. Agora confessou que errou. Mas ele vive nessa, de fazer besteira e depois dizer: "Ah, errei". Até é legal, porque é humilde. Mas experimentar isso na Presidência acho realmente arriscado. Espero que Deus ajude se for ele o escolhido pelo povo", disse.



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