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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003

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PT X PT

Berzoini diz que é preciso acabar com "fantasmas ideológicos'; Helena contra-ataca

Seminário do PT vira palco da esquerda anti-reforma

DA REPORTAGEM LOCAL

O seminário organizado pelo PT e pela Fundação Perseu Abramo para discutir a reforma da Previdência Social acabou virando ontem palco para que petistas, na sua maioria ligados às tendências de esquerda do PT, criticassem o projeto de emenda constitucional enviado pelo governo ao Congresso. Em resposta, o ministro Ricardo Berzoini (Previdência), que participou da sessão da tarde, disse que era preciso acabar com os "fantasmas ideológicos" de muitos militantes.
As críticas concentraram-se na platéia, quando foi dada a palavra aos militantes e parlamentares do partido. Na parte da manhã, das mais de 20 pessoas que se manifestaram, apenas uma defendeu o projeto do governo.
Um dos pontos mais polêmicos foi a tributação dos servidores inativos. A posição dos aposentados e pensionistas foi defendida pela maioria das pessoas que pediu a palavra durante o evento.
O presidente da CUT, João Felício, chegou a receber aplausos da platéia, formada por cerca de 300 pessoas, quando disse que era um "mito" dizer que os servidores se aposentam com o salário integral. Ele criticou também o aumento da idade mínima para se aposentar -55 anos para as mulheres e 60 para os homens, segundo a proposta do governo.
O deputado João Batista de Araújo (PT-PA), o Babá, disse que Berzoini, durante sua palestra, só faltou discorrer sobre a "desaposentadoria". Outros militantes destacaram a falta de coerência do PT em relação às suas bandeiras.
O presidente do partido, José Genoino, chegou a repreender um dos presentes, que não era do partido e criticou o PT. Apesar de minutos antes ter convidado o ouvinte a se filiar ao partido, ele disse após ouvir as críticas: "Vou dizer também que não acho bom você falar assim do PT".

Berzoini e Helena
Segundo a organização do evento, cerca de 20 mil pessoas acessaram a internet para companhas as discussões entre os petistas.
O ministro Berzoini chegou ao seminário afirmando que o governo não tem a pretensão de "convencer 100%" do PT. Mas afirmou que o governo, por ter elaborado uma proposta com muito "carinho" e "critério", entende que os principais pontos do projeto tem de ser preservados.
"Esperamos poucas mudanças ou mudanças muito periféricas", disse, ao se referir às emendas que serão apresentadas ao projeto.
Depois de ter ouvido as críticas dos petistas ao projeto do Executivo, Berzoini disse à platéia, que chamou de "companheiros", ser necessário "aprofundar" o debate e acabar com os "fantasmas ideológicos". "Muita gente não leu nem o projeto", afirmou.
Heloisa Helena (PT-AL), que tomou a palavra após Berzoini ter saído do auditório, disse ser "inaceitável a fraude no debate político" e caracterizou a reforma como "proposta que nada faz pelo pobre, pelo pequeno e pelo oprimido".
Com os olhos marejados, um discurso inflamado e o dedo em riste em vários momentos, a senadora petista argumentou que a população mais pobre do país, quando tem problemas de educação, saúde ou segurança, "não é atendida pelos discos voadores do capital internacional, mas sim pelos servidores públicos que serão penalizados" pela reforma do PT.


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