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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003

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Tinha um RADICAL no meio do caminho

Unidos pela ameaça de expulsão pela direção petista, Heloísa Helena, Babá e Luciana Genro têm origens e trajetórias de vida bem distintas

Ex-bóia-fria já disse ter Lula como ídolo

DA REDAÇÃO

Crítica dos rumos do PT desde o ano passado, a senadora Heloísa Helena já mencionou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como seu maior ídolo na política. A declaração foi dada à Folha, em 1996, ano em que ela, apesar de ter liderado a eleição, foi derrota na disputa pela Prefeitura de Maceió.
Bóia-fria na infância, enfermeira e professora, a senadora é hoje, por sua densidade eleitoral e trajetória política, a representante da ala radical que mais constrangimento causa à cúpula petista.
A relação conflituosa entre ela e a direção do partido teve início em julho do ano passado, quando Helena se recusou a ter como vice um político do PL. Em protesto, acabou renunciando à candidatura ao governo de Alagoas. Mas foi em dezembro, após a vitória de Lula, que seu protestos adquiriram o tom de desobediência. Na ocasião, ela se recusou a aprovar o nome de Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central.
Candidata pela primeira vez em 1992, se elegeu vice-prefeita de Maceió na chapa do hoje governador Ronaldo Lessa (PSB). Dois anos depois, foi eleita deputada estadual, a primeira pelo PT em Alagoas. Diz não saber quantas ameaças anônimas de morte já recebeu. "Se eu tivesse que morrer, já tinha morrido. O que eu já peguei de briga aqui..."
Em 1996 rompeu com Lessa ao candidatar-se à Prefeitura de Maceió contra a então secretária da saúde do município, Kátia Born (PSB), que acabou eleita. Mesmo liderando as pesquisas desde o início do processo eleitoral, foi derrotada no segundo turno.
Heloísa Helena sabe atirar ("Não sou uma exímia atiradora, mas sei me virar"), mas prefere não andar armada. "O que adianta eu andar com o 38 na bolsa se eles andam com espingarda, metralhadora e rifle. Só vai servir para dizerem que me mataram em legítima defesa."
Em 1998, foi eleita senadora com 56% dos votos válidos. Teria sido a candidata do partido ao governo do Estado no ano passado se não tivesse se recusado a se coligar com o PL. "O PL em Alagoas é formado por "colloridos", moleques de usineiros e indiciados na CPI do Narcotráfico", declarou.
No Senado, além da postura radical, chama atenção pelo seu figurino: calça jeans e camiseta branca, contrastando com a sisudez habitual da Casa. Na posse do presidente, um de seus últimos momentos de confraternização com a bancada, foi elogiada pelos colegas ao aparecer de vestido vermelho.
No início da atual legislatura, Helena, que já havia se indisposto com a direção petista pela manifestação contrária à indicação de Meirelles, deu início a uma nova crise quando não apoiou a candidatura de José Sarney (PMDB) à presidência do Senado por considerá-lo "um representante das oligarquias nordestinas". Como no caso de Meirelles, faltou à votação.
Nas últimas semanas, depois que o PT decidiu submetê-la a um processo disciplinar -juntamente com os deputados João Batista Oliveira de Araújo, o Babá, e Luciana Genro-, Helena tem evitado polêmicas, o que melhorou sua situação diante da legenda. Sobre a divulgação de vídeo com declarações antigas de Lula contra a TV Globo e Sarney, hoje um do aliado do governo, disse: "Foi um gesto para [nos] ajudar, mas produziu efeito contrário".


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