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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003

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VÔO CEGO

Decisão retira obstáculo às negociações com a TAM; novos curadores prometem avançar processo de fusão

Controladores da Varig são destituídos

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Os integrantes do colégio deliberante da FRB (Fundação Ruben Berta), controladora da Varig, destituíram ontem os sete curadores da fundação, numa decisão que pode acelerar a fusão da companhia com a TAM.
Entre os destituídos está o presidente do conselho curador, Yutaka Imagawa, visto como principal adversário da operação. Dos 220 integrantes do colégio, 218 compareceram à assembléia.
Os novos curadores divulgaram nota na qual se comprometem a "dar prosseguimento às negociações em direção ao processo de fusão". Segundo a nota, "é intenção do novo conselho de curadores trabalhar intensamente no resgate da credibilidade da Fundação Ruben Berta com a sociedade, parceiros, autoridades governamentais e principalmente os funcionários do grupo."
Imagawa afirmava ser defensor da fusão, mas, por mais de uma vez, foi acusado de articular mudanças na direção do grupo, a fim de adiar o processo. Ele e os outros seis curadores destituídos foram substituídos pelos suplentes, eleitos há um ano e meio. No novo conselho curador, a maioria se opõe a Imagawa e é favorável à fusão, por considerá-la a única solução para a crise da Varig.
O novo presidente do conselho curador é Norberto Hoffman, o suplente mais votado na última eleição. Hoffman é diretor da Varig em Porto Alegre e, na disputa interna, sempre se aliou a Imagawa. A vice-presidência, porém, ficou com Carlos Luiz Martins, diretor de operações da companhia e um dos principais articuladores da assembléia de ontem.
Na FRB, o principal motivo da resistência ao projeto de fusão é o fato de reservar aos acionistas da Varig apenas 5% de participação na nova companhia. A empresa assumiria a dívida declarada da Varig, que é de US$ 800 milhões.
Entre as condições para a fusão que vêm sendo impostas pela fundação estão a manutenção do nome Varig e a garantia de que duas empresas do grupo que ficariam fora do negócio -a Ven (manutenção) e a Sata (serviços terrestres)- prestariam serviço por pelo menos sete anos à nova companhia de aviação. A TAM se opõe a esta última condição.
No último mês, a direção da Varig tem pressionado o governo a conceder-lhe, por meio do BNDES, um empréstimo-ponte para que a empresa possa se manter até a fusão, prevista para setembro. O presidente do BNDES, Carlos Lessa, vinha resistindo ao empréstimo, mas, na sexta-feira, declarou que o banco poderia ajudar a Varig a obter uma folga no pagamento de suas dívidas com a BR Distribuidora e o Banco do Brasil, desde que houvesse a "promessa de casamento indissolúvel [entre Varig e TAM]".
A tendência é que o novo conselho curador não troque o presidente da Varig, Roberto Macedo, que assumiu há menos de um mês. Mas o presidente da FRB Par (Fundação Ruben Berta Participações), Gilberto Rigoni, pode ser substituído. Também considerado adversário da fusão, ele foi um dos curadores destituídos ontem. A FRB Par é a empresa pela qual a fundação controla todas as companhias do grupo Varig.
Rigoni vinha buscando alternativas à fusão, que incluiriam supostas negociações com um grupo português e um banco alemão.
Os novos curadores vão escolher o conselho de administração da FRB Par. Um dos nomes possíveis para substituir Rigoni é o de Manuel Guedes, ex-presidente da Varig.


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