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GOVERNO SOB PRESSÃO
Ao Ministério Público, presidente do PTB diz que esteve duas vezes com ex-assessor na sede da empresa, o que havia omitido em discurso
Jefferson encontrou Marinho nos Correios
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento prestado anteontem ao Ministério Público
Federal, o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) disse
que se encontrou na sede dos
Correios, em Brasília, pelo menos
duas vezes com Maurício Marinho, ex-chefe do departamento
de contratações da empresa.
No discurso que fez na tribuna
da Câmara para se defender, na
semana passada, Jefferson havia
omitido esses encontros, ao afirmar que estivera "três ou quatro
vezes" com Marinho, sempre fora
da empresa. Havia citado especificamente um aniversário seu, em
Brasília, um encontro ocasional
no aeroporto da cidade e "uma
vez com o dr. Antônio Osório [ex-diretor de Administração dos
Correios], com certeza, na liderança do partido".
No depoimento prestado ao Ministério Público, Jefferson revelou
que um dos dois encontros com
Marinho no prédio dos Correios
foi "em razão de uma visita feita
ao presidente da ECT [Correios]
João Henrique [Almeida Sousa]".
Roberto Jefferson relatou um outro encontro com Marinho deixado de fora do seu discurso na Câmara, esse supostamente ocasional, "em um restaurante, cujo nome não se recorda".
A assessoria dos Correios negou
que Marinho tenha estado na sala
de Sousa com Jefferson, mas confirmou a visita do parlamentar -
teria ido "dar um abraço" a Sousa
logo após sua posse, em 2004.
O depoimento de Jefferson confirma haver estreitas relações de
amizade e partidárias entre ele e
os principais ex-servidores citados no vídeo em que Marinho foi
flagrado recebendo propina.
Jefferson disse ao procuradores
Bruno Acioli e Adriana Brockes
que seu genro, Marcus Vinicius
Vasconcelos Ferreira, é assessor
da diretoria da Eletronorte e
"amigo" de Antônio Osório e de
Fernando Godoy, ex-assessor da
diretoria de Administração. Ambos deixaram os cargos após a divulgação do vídeo.
No vídeo, Marinho diz que seus
contatos com Jefferson são pessoais, mas também ocorriam por
meio do "genro" do deputado.
O parlamentar contou aos procuradores que costuma se reunir
pelo menos duas vezes por semana com Osório (a quem conhece
desde 1982) e uma vez a cada 15
dias com Godoy (conhecido seu
há quatro anos). Atribuiu essas
reuniões às funções partidárias de
ambos, por cargos que ocupam
na executiva nacional da sigla.
Jefferson, que sempre negou
que Marinho tenha sido uma indicação do PTB, revelou que o ex-chefe de departamento conseguiu
em 2003 outro cargo na empresa,
o de reitor da Universidade dos
Correios, por indicação de um
parlamentar do PTB, o deputado
federal José Chaves (PE).
Em entrevista ontem à Folha,
Chaves disse que não conhecia
Marinho e que só o indicou por
orientação de outro servidor.
Em outro trecho do depoimento, Jefferson contou outro detalhe
que não havia mencionado em
seu discurso. Disse que, em 5 de
abril, falou ao telefone com o "comandante Molina" - o consultor
Antônio Gerardo Molina Gonçalves, que teria tentado "fazer negócio" com a fita da propina.
Jefferson havia dito coisa diferente em seu discurso. "Ele [Molina] ainda tentou várias vezes falar
comigo no meu gabinete (...) só
que eu não o atendi ao telefone".
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