São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 2005

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RUMO A 2006

Entre os 46 projetos, selecionados segundo "impacto social e econômico", 30 serão concluídos até fim do próximo ano

Alckmin lança pacote de R$ 12,3 bilhões

DA REPORTAGEM LOCAL

Seguindo à risca a conclusão de uma pesquisa - segundo a qual o PSDB tem de se apresentar como exemplo de capacidade administrativa para a disputa presidencial - o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, lançou ontem um programa para agilizar a execução de 46 projetos. O pacote consumirá R$ 12,3 bilhões em dois anos e permitirá a inauguração de 22 obras até o fim de 2006.
Como num ato de campanha, Alckmin apresentou os projetos já em curso, selecionados segundo "o impacto social e econômico" para um regime diferenciado de liberação de recursos. Deles, só 12 têm conclusão prevista para depois do ano eleitoral. Dois outros foram programados em duas etapas, sendo uma para o ano que vem. Dez têm caráter continuado.
Repetindo o "Avança Brasil", de FHC, cada um terá um gerente e ficará imune à retenção de recursos. A liberação respeitará o cronograma da obra. A lista inclui obras antigas, como o Rodoanel.
Desses, 20 são na área de desenvolvimento social (R$ 4,943 bilhões) e oito de infra-estrutura (R$ 5,3 bilhões).
Exibindo disposição de concorrer, Alckmin até minimizou a pesquisa pela qual só 15% dos eleitores o conhecem bem, enquanto 27% afirmam que "nunca ouviram falar dele antes"."Não tem o menor problema. Hoje em dia com televisão e rádio, isso se reverte rapidamente. Em uma semana de televisão, você pára no semáforo e [te reconhecem]".
Inspirado na pesquisa, o PSDB decidiu se mostrar como modelo de eficiência alternativo ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Foi o que ele fez, ao lembrar que reduziu impostos e "continua desonerando o setor produtivo". Segundo tucanos, a pesquisa revela que a divisão do PT desagrada. E Alckmin pregou:"Partidos se fazem com laços afetivos".
O PSDB não quer ser acusado de golpista ou responsabilizado por abalos no governo. "Não vamos colaborar para aumentar a intraqüilidade. Temos responsabilidade. Mas não podemos confundir com impunidade."

"Mera coincidência"
Autor do programa, o secretário de Planejamento, Martus Tavares, diz que seu lançamento em meio à crise no governo é "mera coincidência". Mas "não é coincidência mostrar a ética e a eficiência como nossa marca", diz.
O governo de São Paulo está pagando R$ 400 mil, via Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado), por merchandising e vinhetas na TV Record. Alckmin chegou a ser elogiado pelo apresentador Raul Gil, no programa de sábado, logo após propaganda sobre a despoluição do rio Tietê.
Pela Constituição Federal, da publicidade de órgãos públicos, não podem "constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos".
Afirmando não lembrar em quem votou em 2002, Raul Gil disse que o elogio "escapou". "Às vezes enfeito um pouquinho. Foi lamentável, vou mandar cortar", disse ele, referindo-se ao fato de ter repetido o comentário na gravação para o sábado que vem. A Sabesp disse ter pedido para que o comentário fosse cortado para o próximo fim de semana. "Não foi isso que foi tratado", afirmou o superintendente de Comunicação da empresa estatal, Luiz Carlos Aversa. ( CATIA SEABRA, CONRADO CORSALETTE E DANIEL CASTRO)

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