São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2006

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PAINEL

Renata Lo Prete @ - painel@uol.com.br

Todo blindado

Em recente qualitativa, um homem de classe C, subempregado em Recife, descrevia a melhora em sua vida sob o atual governo: um ou outro bem de consumo adquirido para a família. Quando o mediador lhe perguntou sobre os escândalos, ele respondeu: "Isso eu não quero nem falar". E sobre o envolvimento do presidente. "A gente não quer acreditar que o Lula traiu a gente. Se não, como é que a gente fica?".
Quem assistiu acha que essa fala, além de ajudar a explicar os resultados de Datafolha e Sensus, ilustra bem a sinuca em que estão os tucanos: se insistirem em bater no presidente, poderão acabar confinados ao terço do eleitorado que nunca quis saber de Lula.

Muy amigo. Em uma alta roda tucana ontem, Aécio Neves era chamado de "Silva", versão abreviada de Joaquim Silvério dos Reis. Hoje, Geraldo Alckmin tem extensa agenda em Minas ao lado de seu suposto "traidor".

Sem papa. O cancelamento da pajelança em Recife para formalizar a aliança PSDB-PFL se deu a pedido de Jarbas Vasconcelos. Com a novela do PMDB em aberto, o ex-governador, dono do pedaço, não poderia subir no palanque.

Imobiliária. José Jorge, vice de Alckmin, ocupa em Brasília o mesmo apartamento onde Marco Maciel morava em 1994. Os pefelistas não sabem se Jorge, como Maciel, conseguirá mudar-se dali para o Palácio do Jaburu.

Aula magna. Durante palestra, um jovem perguntou a Pedro Simon se o PMDB terá candidato. Resposta: "José Sarney e Renan Calheiros fazem o jogo do PT em troca de cargos e não querem deixar".

Sou da paz. Do absolvido João Paulo Cunha (PT-SP) sobre as novas pesquisas: "Na próxima semana teremos outra boa notícia: o crescimento do PIB. Isso exige de nós humildade e muito trabalho.

Chapéu alheio. No programa do PT, o candidato Jaques Wagner ofereceu, como exemplo de "investimento federal" na Bahia, as intervenções na orla de Salvador, feitas com verbas do BID (60%) e do Tesouro estadual (40%).

Quem fala. O prêmio "nonsense" da temporada de propaganda partidária vai para o comercial do PTB em que Luiz Antônio "111 do Carandiru" Fleury vocifera contra a "incompetência" tucano-pefelista na gestão da crise da segurança em São Paulo.

Digital. A Polícia Federal já tem em mãos dados dos sigilos fiscal e bancário de multinacionais supostamente envolvidas com o "clube da propina", que pedia dinheiro para assessorá-las na cobrança de dívidas não reconhecidas de hidrelétricas como Itaipu.

Botão vermelho. A Operação Castores, que investiga as propinas, revistou a bagagem de toda a diretoria da Eletrobrás, que chegava ontem a Brasília para reunião.

Foi mal. Romeu Tuma (PFL-SP) autorizou a PF a apreender o computador do assessor José Paquier, preso na Castores. A Polícia Legislativa está furiosa com o fato.

Vapt-vupt. O procurador-geral Antonio Fernando de Souza quer apresentar no início da semana os primeiros denunciados na Operação Sanguessuga, cuja apuração o Congresso "terceirizou".

Calendas. A CPI dos Bingos espera há seis meses das operadoras os dados de sigilo telefônico dos personagens do caso Santo André, dos bingueiros angolanos, de Ralf Barquete e Vladimir Poleto.

Na próxima. Não será desta vez que Ellen Gracie assumirá a Presidência. Renan Calheiros (PMDB-AL) queria deixar o país no dia 11, quando Lula ia ao Equador, para dar vez à ministra. O presidente, porém, cancelou a viagem.

Tiroteio

Agora não é hora de a campanha gastar energia batendo no Lula. É hora de assimilar os golpes baixos e de acumular todas as forças para o nocaute do dia 1º de outubro.


Do presidente do instituto tucano Teotônio Vilela, SILVIO TORRES , sobre a pressão interna no PSDB para que Geraldo Alckmin seja mais agressivo com o PT e com o presidente Lula.

Contraponto

Me inclua fora dessa

Em mais um de seus inflamados discursos contra o presidente, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), dizia ontem que pesquisas, a despeito dos bons números atuais, não garantem a vitória de Lula.
Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu um aparte:
-O PMDB ainda vai discutir o que fazer, mas fica aqui a minha idéia: Pedro Simon seria um excelente vice na chapa do presidente Lula. Todas as críticas que Simon fez a Lula foram construtivas, críticas de amigo.
Depois da intervenção, Virgílio retomou a palavra:
-Senador, me desculpe. Mas se o senador Simon estiver no café ao lado, deve ter engasgado ao ouvir isso.

com VERA MAGALHÃES E CONRADO CORSALETTE


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