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análise
PMDB e PCC alteram pouco a disputa
VINICIUS TORRES FREIRE
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
Faz três meses que o
eleitor se aquietou. Parou
de mudar de opinião sobre
o governo Lula ou acerca
da eleição presidencial. O
Datafolha revela que o
eleitor mudou de idéia
apenas sobre Anthony Garotinho, que perdeu mais
pontos (8) na pesquisa do
que peso na greve de fome
(6,2 quilos). Pedro Simon
e Itamar Franco pesam
menos que um Garotinho
mais magro. Luiz Inácio
Lula da Silva por ora vence
no primeiro turno, com ou
sem PMDB.
O eleitor parece dizer
que tanto os fatos novos
do ano, a conspiração contra o caseiro, como a memória de escândalos no
governo não o comovem.
Pode-se especular que o
motim do PCC tolheu uma
hipotética decolagem de
Geraldo Alckmin. O ex-governador perdeu votos
paulistas, mas não o bastante para alterar o quadro
geral de estagnação da disputa. Teria subido sem o
PCC? Impossível dizer,
mas trata-se de especulação que nem o PSDB deve
querer fomentar.
As esperanças tucanas
contam com o programa
de TV, o efeito da reprise
das histórias lamacentas
do PT e uma crise financeira feia, ora improvável
apesar de nuvens cinzas de
dólares no horizonte.
E se o eleitor não gostar
de Alckmin na TV? E se o
governismo conseguir reforçar a associação do ex-governador com as chacinas, bombas e incêndios
em São Paulo?
Lula pode contar ainda
com o efeito do espraiamento das bolsas sociais.
Dos empréstimos baratos
para pequenos agricultores. Da contínua capilarização da rede de contatos
entre eleitores desvalidos
e serviços do Estado. Tais
programas começaram
sob FHC, mas ganharam
volume sob Lula.
Se não vier a tormenta
financeira, o país crescerá
mais até a eleição. Deve
haver menos desemprego,
menos inflação, indicadores dos mais decisivos para
a popularidade do governante. Para aqueles que vivem nas margens do mercado, os programas sociais
têm efeito parecido.
O eleitor não vota só
com o estômago? Sim, mas
os problemas das políticas
de Lula são mais visíveis
para quem tem o lazer de
pensá-las com mais profundidade. Além do mais,
os efeitos da má governança não aparecem de hora
para outra -podem surgir
no segundo mandato.
Por ora, parece pesar
mais na disputa do voto o
contrato político básico de
Lula com o eleitor: "melhorar a vida do povo".
Sustentável ou não, o contrato continua mantido.
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