São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

"Não me iludo com pesquisas", diz Lula

No dia em que intenção de voto mostra melhora do presidente contra Alckmin, ele aproveita para criticar seu adversário

Para Berzoini, desempenho será um "imã", atraindo possíveis aliados; Pedro Simon, do PMDB, anuncia hoje sua pré-candidatura

EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que não pode se "iludir" com pesquisas realizadas meses antes das eleições que lhe dão vantagem sobre os adversários: "Ela [pesquisa] não mexe comigo".
Lula também manteve elevado o tom de suas críticas aos seus concorrentes. Em ataque direto ao pré-candidato tucano Geraldo Alckmin, o presidente afirmou que, antes de pensar em governar o país, é preciso conhecê-lo. "Depois daquela eleição [em 1989], eu descobri o quanto era difícil alguém governar o Brasil se a pessoa não conhecesse o quanto era heterogênea a sociedade brasileira, a sua afeição mas também as suas necessidades", disse, antes de completar sua alfinetada no paulista Alckmin. "Muitas vezes a gente pensa o Brasil de Brasília, a gente pensa o Brasil de São Paulo, a gente pensa o Brasil de Monte Alegre do Sul ou pensa o Brasil de qualquer outro Estado. Ou seja, cada um tem uma realidade. A somatória dessas realidades aumenta a somatória de problemas que nós temos de enfrentar."
Lula disse que não se ilude com pesquisas quando questionado se a crise da segurança pública em São Paulo, governada pelos tucanos entre 1995 e março passado, prejudicará a campanha de Alckmin.
"Pode ficar certo de uma coisa: eu não trabalho assim. Eu acho que a questão da segurança é sempre séria, assim como são sérias outras questões no Brasil. Mas eu acho que a gente não pode se deixar iludir com pesquisa feita muito tempo antes do processo de decisão."
Durante homenagem recebida do Conselho Federal de Odontologia, Lula criticou as elites: "Parece que no Brasil há um tipo de gente que não gosta que se cuide de pobre. É uma coisa maluca. Tudo o que você vai fazer é mais difícil. Tudo o que você vai fazer é complicado porque tem sempre alguém querendo atrapalhar".
Para o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, o presidente Lula conseguiu consolidar uma imagem de líder nacional e seu bom desempenho nas pesquisas de intenção de votos funciona como um ímã para atrair novos aliados.
"Lula é o líder que o país precisa para este próximo período", disse. Os diálogos com aliados são facilitados pela posição favorável de Lula nas pesquisas, admitiu Berzoini. "Quem está bem nas pesquisas tem um campo magnético maior. Ninguém quer fazer aliança com quem está fraco. Mas é óbvio que isso não resolve os problemas", afirmou Berzoini.
O secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, foi além e atacou Alckmin: "Alckmin tem incapacidade em se firmar como um ator político nacional".
Ontem, o jornal francês "Le Monde" publicou uma entrevista de Lula na qual ele se diz satisfeito com resultados do governo e afirma que o PT pagará pelos erros cometidos.

PMDB
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) anunciou que vai registrar oficialmente às 11h de hoje sua pré-candidatura à Presidência, tendo Anthony Garotinho como vice na chapa.
""O PT e o PSDB têm a mesma política econômica. O PMDB não pode abrir mão de ser um partido nacional e ter um projeto para o país. Coloco meu nome à disposição porque é importante termos a candidatura própria", disse Simon.
Registrado o nome do candidato, a convenção tem obrigatoriamente de ocorrer. A cúpula do partido tenta adiá-la do dia 11 de junho para o dia 29.


Colaborou a Agência Folha, em Porto Alegre
NA INTERNET - Leia texto sobre entrevista de Lula ao "Le Monde" www.folha.com.br/brasil


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