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ESCÂNDALO DO MENSALÃO / GUERRA DAS TELES
Oposição consegue aprovar convite para Dantas ir à CCJ
Banqueiro deverá ser ouvido no dia 7, após julgamento de ação do Citi nos EUA
Requerimento é reação à
rejeição de convocação à CPI
dos Bingos; objetivo é falar
sobre suposta cobrança de
propina pelo PT em 2003
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de o governo
conseguir evitar a convocação
do banqueiro Daniel Dantas
pela CPI dos Bingos, a oposição
conseguiu aprovar ontem na
CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) um requerimento para convidá-lo a comparecer a uma audiência pública no
Senado em 7 de junho.
O texto do requerimento sugere que Dantas seja ouvido para "esclarecer as denúncias de
que o banco Opportunity teria
sofrido perseguição do governo
Lula por rejeitar pedidos de
propina feitos por petistas entre 2002 e 2003". O pedido foi
feito pelos líderes do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e do PFL,
José Agripino Maia (RN).
A votação do convite começou atribulada, com uma tentativa do PT de adiar a discussão
do tema, mas terminou com
um acordo entre governistas e
oposição para ouvir o controlador do Opportunity no dia 7 de
junho. Diferentemente de uma
CPI, a CCJ não tem poder para
convocar, mas, sim, para convidar -o que torna facultativo o
comparecimento.
Acordo
Após a apresentação do requerimento de Virgílio, a líder
do PT na Casa, Ideli Salvatti
(SC), pediu o adiamento de sua
votação, mas acabou derrotada,
em votação simbólica, porque a
oposição tinha maioria. Com o
revés, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) costurou um
acordo com o PSDB para ouvir
Dantas no próximo dia 7, ou seja, após o julgamento em Nova
York da ação que o Citigroup
move contra o banqueiro
-agendado para o dia 2.
"Concedemos que ele seja
ouvido após o julgamento da
Corte de Nova York. Não podemos deixar de ouvi-lo para tirar
isso a limpo. Se ele provar parte
do que disse, não houve denuncismo. Se provar tudo, aí a República cai dura", disse Virgílio.
Ideli disse que, apesar de
considerar o caso fora da alçada
da CCJ, aceitava a proposta do
dia 7. Segundo ela, o interesse
da oposição em ouvir Dantas
era conseguir espaço na mídia
para que ele fortalecesse sua
defesa antes do julgamento.
"Pode ser que aí [depois do
julgamento] não haja mais interesse [em ouvi-lo]. Mas vamos poder tirar a limpo, vamos
ver se era para valer", disse.
Anteontem, um requerimento para ouvir Dantas na CPI dos
Bingos foi rejeitado por 6 votos
a 5. A oposição acusou o governo de barrar a investigação.
O caso ganhou força após o
banqueiro confirmar que esteve na semana passada, em Brasília, com o ministro Márcio
Thomaz Bastos (Justiça), conforme reportagem divulgada
pela revista "Veja". A assessoria
do ministro também confirmou o encontro. A reunião
aconteceu na casa do senador
Heráclito Fortes (PFL-PI).
Trégua
A reportagem da "Veja" afirma que Dantas teria acertado
uma trégua com Bastos. Pelo
suposto acordo, o governo não
acionaria a Polícia Federal para
investigar o banqueiro desde
que ele parasse de vazar informações contra governistas.
O ministro e Dantas negam a
versão. Eles argumentam que a
reunião ocorreu para que o
banqueiro informasse às autoridades que ele não teria repassado documentos à revista sobre supostas contas no exterior
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e ministros.
Outra motivação da oposição
para ouvir Dantas é a afirmação
do banqueiro de que, em julho
de 2003, Carlos Rodenburg,
seu sócio à época, foi procurado
pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para que o Opportunity doasse entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões ao partido. Delúbio negou ter feito a
cobrança em depoimento à CPI
dos Bingos.
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