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Secretário de Mauá acusa Lula de cobrar propina de prefeitos
Ovando Jr. diz que petista teria exigido arrecadação de recursos para o partido; a assessoria da Presidência não se manifestou
De acordo com depoimento,
reunião com Lula e Dirceu
teria ocorrido no gabinete de
Oswaldo Dias, ex-prefeito de
Mauá, durante eleição de 98
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário de Habitação de
Mauá (Grande São Paulo), o ex-petista Altivo Ovando Jr., disse
em depoimento ao Ministério
Público de São Paulo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a campanha de
1998 para a Presidência, "cobrou" a montagem de um esquema de propina das prefeituras municipais do PT como forma de garantir o financiamento
da disputa eleitoral.
Ovando Jr., que, entre 1997 e
2001, foi secretário da Habitação do ex-prefeito Oswaldo
Dias (PT) em Mauá, disse ter
presenciado a conversa
-Ovando Jr. ocupa o mesmo
cargo na gestão de Leonel Damo (PV), inimigo do PT.
"O declarante [Ovando Jr.] se
recorda de que, no pleito de
1998, o presidente Lula compareceu no gabinete do prefeito
de Mauá, oportunidade em
que, utilizando termos chulos,
cobrou de Oswaldo Dias maior
arrecadação de propina em favor do PT", disse o secretário
em depoimento à Promotoria
de Santo André, no dia 9 de fevereiro, obtido pela Folha.
O ex-petista reproduziu uma
frase que teria sido dita por Lula: "Ele [Lula] dizia: "Pô, Oswaldo Dias, tem que arrecadar como faz o Celso Daniel. Você
quer que a gente ganhe a eleição como?'"
O ex-ministro José Dirceu
(PT), à época presidente do PT,
também foi citado como um
dos presentes no encontro.
Ovando Jr. disse ainda que,
após a reunião, começou a ser
exigida propina de empresas de
Mauá -investigação iniciada
em 2005 e revelada pela Folha.
Em 1998, Lula disputou a
eleição com o então presidente
Fernando Henrique (PSDB).
Dias era prefeito de Mauá e Daniel, de Santo André -Daniel
foi assassinado em 2002.
O documento foi encaminhado ao procurador-geral da
República, Antonio Fernando
de Souza, que tem poder para
investigar o presidente.
O primeiro depoimento de
Ovando Jr. à Promotoria foi em
2005, quando disse que membros do PT exigiram propina de
empresários de Mauá. O dinheiro teria sido usado em
campanhas. Então, nem Lula
nem Dirceu foram citados.
Outro lado
Por telefone, a reportagem
leu trechos do depoimento para a assessoria da Presidência,
que pediu um tempo para buscar uma resposta de Lula. Até o
fechamento desta edição, porém, isso não havia acontecido.
Dias disse que a exigência
narrada pelo secretário não
existiu. "Lula esteve uma vez
no meu gabinete naquele período, para uma visita. Jamais
ele trataria o assunto dessa forma", afirmou o ex-prefeito.
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