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Renan diz ter intercedido por recursos
Presidente do Congresso afirma que, a pedido de governadores de Alagoas, trabalhou para liberar verba para obras da Gautama
Segundo senador do PMDB, não cabe a ele se preocupar se as empresas que recebem dinheiro público foram envolvidas em denúncias
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), admite que trabalhou para liberar
recursos para obras da construtora Gautama, mas diz que o fez
a pedido de sucessivos governadores do Estado. Renan disse
que não cabe a ele se preocupar
se as empresas que recebem
verba pública estão envolvidas
em denúncias de corrupção.
Renan afirmou que o dono da
Gautama, Zuleido Veras, já esteve em seu gabinete, e que
considera isso normal.
FOLHA - O senhor interveio para
que o governo de Alagoas liberasse
dinheiro para obras da Gautama?
RENAN CALHEIROS - Estive com o
governador Luís Abílio [2006]
falando com o presidente para
que o presidente liberasse vários investimentos para o Estado, inclusive esse [no rio Pratagy], mas a pedido do governador, como obra prioritária.
FOLHA - Mas o sr. pediu ao presidente da República que incluísse em
medida provisória verba para a barragem do rio, tocada pela Gautama.
RENAN - Quem pediu foi o governador e eu apoiei, como
apoiei todos os pedidos de todos os governadores.
FOLHA - Mas a Gautama tem um
histórico de irregularidades, diz o
TCU, e não costuma concluir obras.
RENAN - Isso não me compete.
O Legislativo não faz licitação.
Isso é tarefa do Executivo. Pelo
contrário, alteramos a legislação para que qualquer obra
com gravidade fosse retirada da
relação das obras que pudessem receber recursos.
FOLHA - Mas o sr. estava pedindo
liberação de verba para uma empresa acusada de corrupção.
RENAN - Não, estava pedindo
para todas as empresas cujos
projetos foram apresentados
como prioritários, inclusive esse [Pratagy]. Não foi o único.
FOLHA - Quando o irmão do sr.,
Olavo Calheiros, apareceu nas investigações, o sr. não saiu em defesa
dele. Acha que ele errou?
RENAN - Meu irmão é meu amigo, só que não conheço aspecto
nenhum da investigação.
FOLHA - O senhor recebeu algum
presente da Gautama?
RENAN - Esses presentes de final de ano, livro, copo, agenda,
gravata, isso é respondido burocraticamente. Você não sabe
muitas vezes dizer se recebeu.
FOLHA - Quando o sr. conheceu Zuleido e em qual circunstância?
RENAN - Eu conheci o Zuleido
há mais de 20 anos quando ele
trabalhava na OAS. Eu tenho
uma relação com ele, mas não é
uma relação freqüente.
FOLHA - Ele já foi à residência oficial do Senado?
RENAN - Não me recordo. Mas
ele foi no gabinete, é normal. O
que não pode haver é negócio.
FOLHA - O senhor acha que há viés
político na investigação da PF?
RENAN - Eu não conheço aspectos [da investigação].
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