São Paulo, sexta-feira, 25 de maio de 2007

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Renan diz ter intercedido por recursos

Presidente do Congresso afirma que, a pedido de governadores de Alagoas, trabalhou para liberar verba para obras da Gautama

Segundo senador do PMDB, não cabe a ele se preocupar se as empresas que recebem dinheiro público foram envolvidas em denúncias

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), admite que trabalhou para liberar recursos para obras da construtora Gautama, mas diz que o fez a pedido de sucessivos governadores do Estado. Renan disse que não cabe a ele se preocupar se as empresas que recebem verba pública estão envolvidas em denúncias de corrupção. Renan afirmou que o dono da Gautama, Zuleido Veras, já esteve em seu gabinete, e que considera isso normal.

 

FOLHA - O senhor interveio para que o governo de Alagoas liberasse dinheiro para obras da Gautama?
RENAN CALHEIROS -
Estive com o governador Luís Abílio [2006] falando com o presidente para que o presidente liberasse vários investimentos para o Estado, inclusive esse [no rio Pratagy], mas a pedido do governador, como obra prioritária.

FOLHA - Mas o sr. pediu ao presidente da República que incluísse em medida provisória verba para a barragem do rio, tocada pela Gautama.
RENAN -
Quem pediu foi o governador e eu apoiei, como apoiei todos os pedidos de todos os governadores.

FOLHA - Mas a Gautama tem um histórico de irregularidades, diz o TCU, e não costuma concluir obras.
RENAN -
Isso não me compete. O Legislativo não faz licitação. Isso é tarefa do Executivo. Pelo contrário, alteramos a legislação para que qualquer obra com gravidade fosse retirada da relação das obras que pudessem receber recursos.

FOLHA - Mas o sr. estava pedindo liberação de verba para uma empresa acusada de corrupção.
RENAN -
Não, estava pedindo para todas as empresas cujos projetos foram apresentados como prioritários, inclusive esse [Pratagy]. Não foi o único.

FOLHA - Quando o irmão do sr., Olavo Calheiros, apareceu nas investigações, o sr. não saiu em defesa dele. Acha que ele errou?
RENAN -
Meu irmão é meu amigo, só que não conheço aspecto nenhum da investigação.

FOLHA - O senhor recebeu algum presente da Gautama?
RENAN -
Esses presentes de final de ano, livro, copo, agenda, gravata, isso é respondido burocraticamente. Você não sabe muitas vezes dizer se recebeu.

FOLHA - Quando o sr. conheceu Zuleido e em qual circunstância?
RENAN -
Eu conheci o Zuleido há mais de 20 anos quando ele trabalhava na OAS. Eu tenho uma relação com ele, mas não é uma relação freqüente.

FOLHA - Ele já foi à residência oficial do Senado?
RENAN -
Não me recordo. Mas ele foi no gabinete, é normal. O que não pode haver é negócio.

FOLHA - O senhor acha que há viés político na investigação da PF?
RENAN -
Eu não conheço aspectos [da investigação].


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